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terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo

"8 de Fevereiro de 2019: data trágica para o futebol brasileiro.
Um incêndio no Ninho do Urubu, centro de treinos do Flamengo, provoca dez mortos.
O clube mais popular do Brasil – mais de 32,5 milhões de adeptos segundo uma recente pesquisa do Ibope – chora a perda de jovens futebolistas.
«A maior tragédia da história do Flamengo», como afirmou o presidente do clube, Rodolfo Landim, serve-nos de motivo para dar a conhecer um pouco mais sobre o centenário emblema do Rio de Janeiro – fundado há 123 anos.
Um livro, uma música e um filme é uma forma de exorcizar os dias negros que se abateram sobre o gigante carioca. Uma espécie de homenagem à nação rubro-negra.
Hoje, a Plateia é do Mengão. E há muito Fla para ver, ouvir e ler.

Ver:
«Flamengo Hexa – 100 anos de futebol»
Género: documentário
Produção: Diogo Dahl e Raphael Vieira
Realização: Diogo Dahl
País: Brasil
Duração: 78 minutos

Duas conquistas com um hiato de mais de três décadas.
O documentário de Diogo Dahl conta a história do triunfo na final do Campeonato Carioca de 1978 frente ao rival Vasco da Gama, que abriu caminho à geração de ouro do Fla, liderada por Zico.
Foi precisamente um canto de Zico para o golo de Rondinelli, «aos 41 minutos do segundo tempo», que decidiu esse «clássico das multidões» no Maracanã e marcou para sempre na história rubro-negra o dia 3 de dezembro de 1978.
31 anos e três dias depois, foi o canto de Petkovic para o golo de Ronaldo Angelim que entrou para a história.
De novo no Maracanã, aquele triunfo na derradeira jornada valeu a conquista do Brasileirão de 2009, o último campeonato nacional conquistado pelo Mengão, quebrando então um jejum de 17 anos.
A recordação das duas campanhas, com imagens inéditas e os testemunhos dos protagonistas servem de pano de fundo deste filme.
«Flamengo Hexa – 100 anos de futebol» foi lançado em DVD, mas a boa novidade é que o filme está também disponível na íntegra no youtube.

Ouvir:
«Saudades do Galinho»
Autores: Moraes Moreira
Género: MPB
País: Brasil
Duração: 3:05 minutos

E agora como é que eu fico
nas tardes de domingo?
Sem Zico no Maracanã
Agora como é que eu me vingo
de toda derrota da vida?
Se a cada gol do Flamengo
Eu me sentia um vencedor
Como é que ficamos os meninos, essa nova geração?
Arquibaldo, Geraldinos,
como é que fica o povão?
Será que tem outro em Quintino?
Será que tem outro menino?
Vai renascer a paixão ou não?
Falou mais alto o destino
e o Galinho vai cantar
láiá laiá
vai cantar noutro terreiro
no coração brasileiro
uma esperança
quem sabe o fim dessa história
não seja o V da vitória
o V da volta, volta
Volta Galinho
que aqui tem mais
carinho e dengo
vai e volta em paz que o Flamengo
já sabe como esperar
você voltar

A escolha de uma música sobre o Fla poderia naturalmente recair sobre o popular hino cantado pela poderosa voz de Tim Maia – «Uma vez Flamengo, sempre Flamengo…» – ou então em canções de Jorge Ben Jor sobre craques do clube, como «Fio Maravilha» ou «Camisa 10 da Gávea».
Porém, é esta homenagem menos conhecida a Zico que destacamos entre os inúmeros temas sobre o emblema carioca.
A saída de cena do ídolo-maior da história do Fla, que marcou as décadas de 1970 e 1980, foi um dos momentos de maior provação para os adeptos e o baiano Moraes Moreira captou com particular acerto a angústia da «torcida rubro-negra» na hora do adeus do camisa 10.
«E agora como é que eu fico nas tardes de domingo, sem Zico no Maracanã?» Era uma questão latente para os corações rubro-negros e serviu de mote para o tema sobre o «Galinho de Quintino», que tal como «Pelé Branco» era uma das alcunhas do craque.

Ler:
«Histórias do Flamengo»
Autor: Mário Filho
Editora: Mauad
Género: Crónicas
País: Brasil
Páginas: 336

Não há como falar de Flamengo sem falar de Mário Filho.
O jornalista que dá o nome ao Estádio do Maracanã cultivava com o seu irmão Nelson Rodrigues o talento pela escrita uma eterna rivalidade Fla-Flu.
Mário era Flamengo e neste livro conta a história do clube do seu coração com a mesma mestria que empregou em obras como «O Negro no Futebol Brasileiro».
Ler esta bíblia rubro-negra é como mergulhar bem fundo na história do clube mais popular do Brasil. Não é exagero. Este livro – que para o público português pode ser adquirido através da Amazon – foi publicado em 1945 e a sua quarta edição foi lançada em 2014 – quase sete décadas depois – pela editora Mauad.
Desde «O Berço», às origens do Fla-Flu, que, como dizia Nelson Rodrigues, «começou 40 minutos antes do nada», até aos episódios incríveis de personagens do imaginário carioca ou a capítulos como «Coisas que só acontecem ao Flamengo»."

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