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quinta-feira, 12 de julho de 2012

Algumas matérias inflamáveis de verão

"Com 4 meses de atraso o CD já deliberou sobre uma porta partida no Dragão. Só lhe falta agora deliberar sobre uma bancada incendiada na Luz há meio ano. Será ainda antes do próximo Natal?

CARLOS MARTINS vai voltar a ser jogador do Benfica em 2012/2013 garantem os jornais. Depois de um ano emprestado ao Granada, o médio português vai voltar ao Estádio da Luz onde já foi muito feliz.
Na época passada, o Benfica nunca contou com um jogador com as caraterísticas e a disponibilidade para a luta de Carlos Martins e muita falta fez no meio do campo uma presença assim. Para ajudar os companheiros mais vocacionados para os rendilhados artísticos que entusiasmam o público e a crítica mas que, frequentemente, não bastam para arrastar a equipa para a área do adversário.
Carlos Martins, não sendo nenhum Iniesta, foi um jogador de grande utilidade prática sempre que o Benfica contou com ele. N terço final do último campeonato, quando Pablo Aimar foi suspenso por dois jogos depois de ter sido expulso em Olhão, muito jeito teria dado ao Benfica um Carlos Martins para suprir a ausência do pequeno maestro argentino nos confrontos que se seguiram.
Em momento histórico de contenção de despesas, com os bancos tradicionalmente amigos a fecharem os seus guichets à malta do futebol, o regresso de Carlos Martins à Luz, de onde nunca devia ter saído, é uma boa notícia.

PEDRO PROENÇA continua em alta nos meios de comunicação, o que se justifica amplamente porque não é todos os dias que um árbitro português apita de rajada uma final de uma Liga dos Campeões e uma final de um Europeu.
Proença tem vindo a revelar as suas mágoas e os seus anseios no que diz respeito ao sector da arbitragem no nosso País, de que será certamente o líder máximo quando chegar a devida altura, e tem também vindo a partilhar com o vasto público, que lhe segue agora todos os passos, algumas inconfidências e anedotas da sua profícua e brilhante carreira.
Como, por exemplo, a breve troca de palavras com Iniesta logo que deu por terminada a final de Kiev entre espanhóis e italianos. Contou Proença que Iniesta, no fim do jogo, foi ter com ele para o cumprimentar pelo bom trabalho ao apito e para lhe dizer quanto o queria ver a apitar em Espanha.
Depreende-se das palavras desse enorme jogador chamado Iniesta que os árbitros espanhóis não lhe agradam muito - o que também se aceita porque o seu Barcelona perdeu para o Real Madrid a última Liga -, e que preferia ver um português, como Proença, a dirigir os clássicos de Nou Camp e do Santiago Bernabéu.
É assim um pouco por todo o mundo do futebol. Quem perde tende a virar-se contra os árbitros da casa e a desejar árbitros vindos de fora, mais distantes das questiúnculas nacionais sempre condicionantes e agrestes.
Esta é a explicação corriqueira para o desejo de Iniesta de ver Pedro Proença a apitar todos os fins de semana em La Liga.
A outra explicação, menos corriqueira, mais rebuscada, é que Iniesta é do Benfica desde pequenino e que, por isso mesmo, mal por mal, preferia o Pedro Proença em Espanha do que a actuar em Portugal.
E nesse capítulo tem Iniesta muitos, mas mesmo muitos seguidores do lado de cá da fronteira.

NA próxima quarta-feira, no Estádio da Luz, apresenta-se o Benfica ao seu público num jogo de solidariedade copromovido com a Fundação Luís Figo em benefício da ACNUR, a agência da ONU para os refugiados.
Benfica versus Luís Figo & Amigos é o cartaz que vai, certamente, atrair muitos milhares de espectadores. A apresentação pública do acontecimento juntou Luís Filipe Vieira e Luís Figo à mesma mesa e o presidente do Benfica ofereceu ao antigo jogador, um dos melhores de sempre do futebol português, uma camisola do Benfica com o seu nome escrito nas costas, como é das regras.
Foi com um grande sorriso que Luís Figo recebeu a sua camisola do Benfica.
Pudera, realizou um sonho de infância! - disse-me logo um benfiquista que percebe imenso destas coisas.

DESDE que a época oficial terminou, as primeiras páginas dos jornais desportivos dedicaram-se por todo o mês de Junho ao Holandês De Jong e pelo mês de Julho, que ainda vai a meio, ao Argentino Rojo. Ambos foram ou são ou serão potenciais alvos do Benfica no mercado de Verão.
Há grandes probabilidades, justificadas pela História, de que nem um nem outro alguma vez joguem no Benfica. É de que um ou outro acabem em emblemas rivais, também são grandes as probabilidades.
Há quem explique este festival de capas com jogadores que interessam ao Benfica como a maneira mais fácil e mais óbvia de vender jornais quando não há jogos de futebol, nem a sério nem a brincar. E pelo peso que os adeptos-leitores do Benfica têm no panorama muito objectivo das vendas de papel, como todos reconhecerão.
Parece-me um conceito cada vez mais errado. Na pequena mas significativa amostra de benfiquistas com que me deparo no dia-a-dia, muitos são os que, escaldados por desilusões continuadas, se recusam sequer a olhar para as notícias dos quase-jogadores do Benfica «presos por detalhes» durante meses a fio.
É um sinal dos tempos.

A 10 Março, a Académica foi ao Dragão jogar para o campeonato. Vencia o jogo aos 90 minutos mas acabou por sofrer o golo do empate já no larguíssimo período de descontos concedidos pelo árbitro. Nada justifica, no entanto, que um jogador dos estudantes, de seu nome Pape Sow, tenha causado sérios danos na porta da cabina da Briosa, expressando de forma tão pouco elegante a sua frustração pelo resultado final.
O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol decidiu agora, e já estamos em Julho, a pena a aplicar ao comportamento desabrido do jogador: foram 250 euros de multa para Pape Sow.
Provavelmente o preço do arranjo ou da substituição da porta danificada.
Quatro meses foi o tempo que demorou o Conselho de Disciplina a deliberar sobre uma porta de um balneário do Estádio do Dragão. A justiça desportiva é lenta e funciona por assoalhadas.
Só assim se explica e justifica que sobre o incêndio de uma bancada inteira do Estádio da Luz, ocorrido há meio ano, não haja ainda deliberação do dito Conselho de Disciplina. É que é muito metro quadrado de área danificada e os custos dos reparos já foram orçamentados em 500 mil euros por uma entidade independente.
O que se passou no Estádio da Luz no Benfica-Sporting do ano passado foi uma vergonha. Outra vergonha é a inoperância do Conselho de Disciplina da FPF sobre esta matéria altamente inflamável.
Quanto ao Benfica, registe-se também a sua inoperância política no rescaldo do sinistro.
Sem capacidade para pressionar os órgãos da justiça desportiva para que resolvam o assunto, o Benfica entretêm-se com menoridades.

ADRIEN regressou a Alvalade depois de ter estado emprestado à Académica e de ter conquistado uma Taça de Portugal disputada contra o seu clube-patrão.
Segundo a imprensa especializada, Adrien regressou depois de ter pedido desculpa ao Sporting por, na véspera da final do Jamor, ter anunciado a sua vontade de ganhar o jogo furando assim o blackout imposto pelo Sporting a todos os seus jogadores: aos do plantel que ficou em Alvalade e à multidão de emprestados a outros clubes.
Isto não tem pés nem cabeça.
Mas talvez assim se compreenda a posição do Sporting nesta guerra actual dos emprestados lançado pelo Nacional da Madeira e que colheu a maioria dos votos da última assembleia geral da Liga. O Sporting votou favoravelmente a deliberação que proíbe empréstimos de jogadores entre clubes que competem no mesmo escalão.
Está bem visto. Desde modo acabam-se de vez com os pedidos de desculpa dos jogadores emprestados que furem blackouts à distância ou que se atrevem a dizer que gostam de ganhar a quem lhes paga o ordenado.
Matérias inflamáveis deste verão."

Leonor Pinhão, in A Bola

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