"Rui Costa anunciou que a lotação da Luz irá aumentar para os 70.000 lugares. Ficou por se saber o quando e o como, mas a medida faz todo o sentido e já se impunha.
Recorde-se que a Luz foi construída aproveitando a onda do Euro 2004. Com uma forte contribuição do Estado para a construção ou remodelação dos estádios, era uma ocasião que os maiores clubes portugueses não poderiam perder. Em Assembleia concorrida os sócios do Benfica deram aval à direção de Manuel Vilarinho, já com um Presidente-sombra chamado Luís Filipe Vieira, pela opção de demolir a antiga Catedral e avançar para um novo e moderno Estádio. Ainda hoje penso que foi tomada a decisão errada, pois como dizia Fernando Martins "Roma também não demole o seu Coliseu". O antigo Estádio devia ter sido remodelado, tal como fez e faz o Real Madrid com o Bernabéu, o Barcelona com o Camp Nou ou o Liverpool com Anfield. Teria ainda hoje o Benfica um Estádio mítico, obviamente renovado e com a lotação que agora e no futuro se pretenderá voltar. Mas pronto, isso já são águas passadas.
Mas não é por acaso que volto atrás no tempo até 2003. É que aí, nesse período histórico, a lotação de 65.000 lugares fez sentido. O Benfica tinha um Estádio com 80.000 lugares (depois da colocação das cadeiras, porque recorde-se que antes disso chegou a ter lotações superiores a 120.000 pessoas) que raramente enchia. O clube atravessava o momento mais frágil e trágico da sua existência, numa transformação de clube mítico em clube sofredor e muitos adeptos decidiram viver esses anos à distância, não indo ao estádio. É normal que se tenha optado por 65.000 quando nos anos 80 se pensava em 120.000.
As primeiras duas décadas do Estádio, aliás, confirmaram que uma lotação mais reduzida (se é que se pode falar assim num estádio que mesmo assim é o maior de Portugal e um dos maiores da Europa) fez sentido. Durante boa parte dos anos 2000 e até na década de 2010 o Benfica andou sempre com uma média a rondar os 30 ou 40.000 de lotação. Não estavam ainda consolidados os Red Passes e até a ida ao Estádio como uma experiência coletiva, quinzenal e que envolve mais do que apenas ver o jogo, ainda não existia.
Mas em 2024 chegamos a esse ponto. O clube tem agora uma média de assistência de 60.000 pessoas, independente da forma da equipa (a época passada foi negativa e à mesma o clube põe mais gente para uma eliminatória da Taça de Portugal que o clássico FCPorto-Sporting), tem os Red Pass esgotados e uma fila de espera de 17.000 sócios, sendo que este ano apenas 800 conseguiram um lugar novo. Ou seja, para alguém que se coloque hoje no último lugar dessa fila de espera, tem pela frente longos 20 anos até conseguir o lugar cativo anual, se nada mudar entretanto.
O Benfica pode e deve avançar de forma consciente para o aumento da lotação do Estádio. Sem medos nem receios que as lotações do tempo do Vietname ou dos anos 2000 regressem. Benfica tem que olhar para cima e não para baixo. Tem que ter confiança no seu futuro e noção da sua grandeza social. Acrescentar mais 5 ou 10.000 cadeiras ao Estádio significa mais receita garantida com os Red Pass, mais receita nos bares, lojas e restaurantes do clube, mais benfiquistas a viverem o clube por dentro, maior e melhor ambiente no Estádio, que contribuirão para maiores e melhores vitórias do clube.
Falta debater o quando e o como. Quando? É uma pergunta que esperemos que Rui Costa responda brevemente. Arriscaria no final desta época. Até porque, não sejamos ingénuos, há novas eleições em Outubro. Como? Fala-se no Safe Standing na bancada onde estão os No Name, em rebaixar o relvado, em encurtar o espaço entre cadeiras ou nas escadarias. Mais rebuscado é subir os cantos "em onda" do 4º Anel que supostamente se diz que já estaria contemplado no projeto original já a prever uma futura expansão do Estádio. Repito, perguntas que espero que brevemente o Presidente do Benfica responda.
Esta decisão segue em linha com uma tendência na Europa de aumento das lotações, e não há aqui nada de megalómano. Falamos para já de aumentar em apenas mais 5.000 lugares a lotação. Talvez num futuro se pense em 75.000 ou 80.000 lugares. Mas faz sentido para já, ir assim, de forma gradual.
Falta recordar que Rui Costa fez outra promessa na campanha eleitoral, que ainda não cumpriu: a renovação do exterior do Estádio, que dito de forma imparcial e não apaixonada, muitos benfiquistas concordarão que é feio, frio e bruto. Não é à Benfica. Depois da renovação interior com os ecrãs gigantes, led's, luzes e som novo, deve-se também avançar para a renovação exterior, fazendo da Luz cada vez mais a casa que nos aquece a alma e provoca calafrios e respeito aos adversários. A Catedral para nós, o Inferno da Luz para os outros."
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