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sexta-feira, 15 de março de 2019

Problemas em ataque posicional: o maior desafio de Bruno Lage no Benfica

"Desde que Bruno Lage assumiu o comando técnico do Benfica, a equipa tem superado muitos dos desafios que enfrenta. Desde as melhorias em organização defensiva e sobretudo no momento de reacção à perda, até ao maior fulgor da equipa em transição ofensiva e na forma como faz a bola circular entre os três corredores.
Não mais vimos um Benfica perdido em campo, com os jogadores a não fazerem ideia de como agir ou reagir nos momentos defensivos e ofensivos. E essa tranquilidade, que o maior conhecimento das tarefas permite, é a diferença mais significativa no período pós Rui Vitória.
Os primeiros sinais do maior problema que o treinador do Benfica enfrenta não chegaram no jogo de Zagreb, nem com a lesão de Seferovic, ou com o empate contra o Belenenses; anteriormente já se percebia, quando a equipa não estava confortável no resultado e o adversário lhe retirava espaço em profundidade, que havia pouca competência para ferir o adversário em ataque posicional. Isto é, no pouco tempo que Bruno Lage teve para treinar ainda não conseguiu dotar a equipa de comportamentos de qualidade para criar espaços. Seria estranho, no tempo em que está na equipa principal, conseguir ter uma equipa extraordinária no momento do jogo mais difícil de trabalhar.
É certo que o Benfica tem movimentos que criam espaços, e também é certo que a equipa tenta circular a bola pelos três corredores; mas não é menos certo que não tem existido variabilidade suficiente para que o adversário se sinta desconfortável por estar a ser atacado em várias frentes. Não têm chegado, para fazer mover de forma determinante a defesa contrária, os movimentos dos avançados para o corredor lateral e o aparecimento dos médios ala por dentro, assim como não tem sido suficiente a aposta em cruzamentos (sem combinar antes, para dar a possibilidade de entrada na área) para criar dúvida em quem defende - focar na bola ou nas zonas predominantes de finalização?
A juntar a isto, em Zagreb, a equipa não conseguiu ameaçar a profundidade, por ter jogado directo sem trabalhar muito os lances, e por ter apenas em João Félix a única alternativa para romper (dentro desse jogo mais directo) a defesa contrária. A equipa do Dínamo percebeu essa falta de ameaça à profundidade, e ficou por isso bem mais confortável no jogo. Houve ainda uma surpresa táctica na forma como a equipa croata se apresentou em campo, num registo bem diferente daquele que utiliza no seu campeonato: menos pressionante e com as linhas bem mais baixas.
Se a isto somarmos a pouca inspiração que os jogadores têm demonstrado nos últimos cento e oitenta minutos, seria sempre difícil fugir ao imbróglio que se abateu sobre os benfiquistas com estes últimos resultados.
Há quatro momentos do jogo em que Bruno Lage está já um pouco mais descansado, por estes estarem mais ou menos assimilados por todos: organização defensiva, transição ofensiva, transição defensiva e bolas paradas.
O ataque posicional é a grande dor de cabeça.
Como desmontar um adversário que retira espaço em profundidade e no corredor central? Como tornar a equipa mais capaz de criar espaços ao invés de apenas os aproveitar?

Problemas & Soluções
As soluções para o problema poderão aparecer de várias formas:
1. Com a alteração da estrutura posicional da equipa, colocando alguns jogadores a aparecer em zonas diferentes;
- Rafa tem aparecido muito por dentro para transportar o jogo pelo corredor central nos momentos de espaço, mas não tem sido tão competente sem espaço e na forma como se associa à Grimaldo ou com os avançados. Uma troca com João Félix, que tem qualidade em todas as situações ofensivas, poderia catapultar o jogo do Benfica para um nível diferente. Dessa forma talvez não tivesse o jovem avançado tantas vezes em situação de finalização por estar envolvido na construção e criação, mas o jogo ofensivo da equipa melhoraria muito. Não necessitaria, para isso, de colocar João Félix na ala, apenas de alterar as tarefas de cada um no momento ofensivo;
- Se de um lado aparece Grimaldo, em largura, e o criativo espanhol tem qualidade para desequilibrar quando recebe a bola no último terço, para André Almeida deveria ser encontrada uma solução alternativa. Talvez mais focado na construção e no momento de transição defensiva, ficando em cobertura e soltando mais um dos médios com mais competência para jogar sem tempo e espaço;
2. Com a alteração dos jogadores que têm jogado;
- Os jogadores têm as suas próprias características e, por força delas, vão procurando mais umas situações do que outras. E procuram mais por situações que os beneficiem, e não tanto por soluções que possam beneficiar mais o colectivo. Por isso, alterando as características dos jogadores em algumas posições, ajudaria a que, pelo perfil dos mesmos, fossem promovidas mais situações de dúvida para quem defende;
3. Com o incentivar das associações entre jogadores nos espaços reduzidos;
- Com esta ideia de ataque posicional, Grimaldo, Félix e Pizzi (por exemplo) têm sido pouco beneficiados no melhor que podem emprestar à equipa: a capacidade para criar em combinações com os colegas. Esse tipo de associações deve ser potenciado pela aproximação dos jogadores em campo (colocando-os em posições mais próximas umas das outras) e com o incitar da criação de micro sociedades dentro de campo que possam beneficiar o colectivo. Dessa forma, a equipa seria mais paciente na forma de atacar por também procurar soluções em combinação, mesmo que a bola esteja na bandeirola de canto.
Existem mil outras formas do treinador tentar superar, ou amenizar, um problema que tem estado presente desde o seu primeiro jogo. E é por essa solução, que sairá da cabeça de Bruno Lage, que os benfiquistas tanto anseiam."

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