"Benfica confiante, superior, com qualidade e personalidade; Sporting só no individual
Estratégias iniciais
1. Sem surpresas nos onze. Em função dos jogadores disponíveis (ausências de Mathieu, Acuña, Battaglia, Jonas ou Fejsa) os dois treinadores apostaram nos sistemas e nos jogadores utilizados com maior frequência.
Domínio encarnado
2. O Benfica entrou com muita personalidade, simplicidade, confiança e qualidade. Em termos ofensivos, sempre em movimento com os alas (Rafa e Pizzi) a darem linhas de passe em zonas interiores, criando a dúvida nos laterais adversários que não sabiam se deveriam acompanhar ou ficar na sua posição, para não deixar os corredores abertos. Na frente, Seferovic e João Félix a combinarem na perfeição, um recuava o outro atacava a zona entre os centrais, mas sempre em movimento, o que dificultou a missão de Coates e André Pinto. Em termos defensivos, o objectivo foi retirar Bas Dost e Bruno Fernandes do jogo. Conseguiu-o através de forte e constante pressão sobre o portador da bola. Samaris e Gabriel não permitiram que Wendel e Gudelj tivessem espaço e tempo para construir, obrigando o Sporting a bolas longas, o que retirou o protagonismo a Bruno Fernandes. A complementar, Pizzi e Rafa pressionavam constantemente o lateral do lado da bola e fechavam por dentro sempre que a bola estava do lado contrário. A linha defensiva do Benfica estava bem subida, o que fez com que o Benfica fosse uma equipa curta, sem espaço entre linhas.
A supremacia do Benfica foi evidente, com boas jogadas colectivas como as dos três golos (um anulado a João Félix) e mais lances de perigo. A simplicidade foi outra característica do Benfica ao longo da primeira parte, como são exemplos: no 0-1 Gabriel abre em Grimaldo que cruza para Seferovic finalizar. O Benfica tinha Seferovic, João Félix, Rafa e Pizzi para finalizar; 0-2 surge de um movimento muito bem executado por Seferovic que saiu da zona para receber a bola e a colocou no movimento de João Félix que atacou o espaço entre os centrais e como muita qualidade dez o 0-2.
O Sporting teve muita dificuldade em construir, por mérito do Benfica (forte pressão) mas também porque tentou sempre fazê-lo de uma forma denunciada. Em termos defensivos, teve dificuldade em controlar os movimentos ofensivos do Benfica. Apesar disso, voltou ao jogo através de uma recuperação de bola de Wendel a meio campo (jogadores do Benfica estavam demasiado confiantes), a colocar bem em Nani que descobre Bruno Fernandes, que faz um grande golo.
Mais do mesmo
3. O Sporting trocou Nani por Diaby. Foi uma troca individual, porque em termos colectivos a forma de jogar das duas equipas manteve-se. O Benfica voltou a entrar forte, mais agressivo nas bolas paradas ofensivas. Foi assim que dilatou a vantagem num belo cabeceamento após um livre bem batido por Pizzi.
Com uma vantagem mais confortável, confiante e personalizado o Benfica poderia ter feito mais golos, através de Jardel (canto), Seferovic em duas ocasiões - golo anulado e remate ao poste - que permitiu a recarga a João Félix, que de baliza aberta atirou por cima. Aos 75 minutos, Lage troca Félix por Rafa para, em contexto competitivo, testá-lo na frente de ataque e numa altura em que havia espaço nas costas do Sporting que podia ser aproveitado.
No Sporting, Diaby conseguiu (de forma individual) deixar em sentido a defesa do Benfica. Em termos de oportunidades de golo, Raphinha atira ao poste num livre directo e, nos últimos minutos, teve um golo anulado (Diaby) e o penálti que culminou no 2-4 e na expulsão de Vlachodimos. Com mais um jogador, Keizer arrisca e coloca Luiz Phellype e Jovane (no lugar de André Pinto e Raphinha) no tudo por tudo. Apesar de jogar cerca de dez minutos com mais um jogador, não conseguiu criar ocasiões de golo.
O Benfica venceu porque colectivamente foi superior. Muita confiança, qualidade, personalidade e simplicidade. O Sporting tentou alterar o rumo de jogo pela via individual. Em termos classificativos, o Benfica diz presente e transmite uma clara mensagem ao FC Porto de que pretende lutar pelo campeonato. Já o Sporting diz adeus ao título e (possivelmente) ao segundo lugar, segundo objectivo."
Diogo Luís, in A Bola
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