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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Sporting, o pior é não se saber para onde vai

"Marcel Keizer tinha uma filosofia, mas pareceu não acreditar nela e hoje não tem nenhuma

O Sporting soma quatro jogos sem ganhar, numa sequência que terminou com uma das piores derrotas da história do dérbi: há nove anos que o Benfica não fazia tantos golos em Alvalade.
O jogo deste domingo, de resto, pareceu sempre mais perto de acabar em goleada do que em empate. O que significa que o Benfica esteve sempre por cima, sempre a ameaçar marcar, sempre a ameaçar construir - como construiu - um resultado gordo.
Em certos momentos este jogo trouxe até à memória o dérbi de 2012, nos tempos de Godinho Lopes, quando o Sporting era orientado por Franky Vercauteren e vivia provavelmente a pior fase da sua vida. O que diz tudo sobre a desorganização leonina em campo.
Por isso, e olhando para o que foi o jogo, o pior nem foi o resultado.
O pior é não se saber para onde vai este Sporting. Não é de hoje, aliás. Desde a derrota em Tondela, duas semanas depois do desaire em Guimarães, que a formação leonina parece não ter norte.
Marcel Keizer começou com uma ideia clara: jogar um futebol atraente, construído com critério, por uma equipa pujante, que recuperasse rapidamente a bola e procurasse insistentemente a baliza adversária através de um futebol curto e rendilhado.
As ideias eram nobres e, provavelmente pela surpresa que representaram para os adversários, começaram por ter sucesso. O Sporting construiu uma série de vitórias e resultados gordos.
Até que chegaram as tais derrotas. Primeiro em Guimarães, duas semanas depois em Tondela. Depois disso, depois daquela viagem à Beira Alta, Marcel Keizer parece ter colocado tudo em causa. A partir daí o Sporting nunca mais foi o mesmo, mas também nunca mais foi algo que se percebesse imediatamente. Tornou-se, no fundo, uma soma de vários equívocos.
Uma coisa é certa, o futebol da equipa mudou.
O holandês parece ter interiorizado que não podia ganhar em Portugal com ideias nobres. Por isso abdicou daquele futebol curto, apoiado, rendilhado: o Sporting abusa nesta altura dos lançamentos para o ataque.
Só no dérbi com o Benfica, para se ter uma ideia, André Pinto e Coates fizeram um total de vinte passes longos. São bolas que vão da defesa para o ataque, sem passar pelo meio campo, num exercício de oposição a tudo o que era a equipa no início da era Keizer.
A equipa não melhorou, no entanto, no ataque e sobretudo não melhorou na defesa. Continua a cometer os mesmos erros defensivos que cometia quando era mais sedutora. Erros que têm sobretudo a ver com o mau posicionamento e com a transição defensiva: frequentemente é apanhada em contrapé, deslocalizada e exposta.
O Sporting sofre golos, aliás, de uma forma absolutamente grotesca.
De resto, e como os maus resultados não entusiasmam ninguém, os jogadores foram ao pouco perdendo aquele balão de euforia dos primeiros jogos. Desanimaram-se. Por esta altura parecem até duvidar da própria sombra: valem, por isso, menos e rendem, também por isso, menos.
O Sporting é, portanto, uma equipa errática. Que não faz a mínima ideia de por onde deve ir."

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