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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Quem protege quem no País do Apito Dourado?

"Não há condições, em Portugal, para a arbitragem ser independente. É um jogo de equilíbrio, semana a semana. O rato parido pelo Apito Dourado continua no topo da montanha a fazer estragos. Não há coragem. Há apenas ‘teatro’ e hipocrisia.

O presidente do Conselho de Arbitragem da FPF, Vítor Pereira, não se cansa de repetir que ‘o sector é dirigido por um responsável, de dentro para fora, sem intromissões’. Disse-o agora mas já o tinha dito noutras fases mais quentes do seu mandato.
Foram necessárias apenas 4 jornadas para o ambiente se (re)acender. Carlos Xistra é nomeado para o Académica-Benfica, depois das críticas de dirigentes ‘leoninos’ à actuação de Xistra no Marítimo-Sporting. Aqui, o problema não é apenas o da amplificação dos erros. É uma questão de competência. Xistra não é competente e por isso mais facilmente cometerá erros.
Defendo há muitos anos alterações ao nível da regulação desses lapsos, em tempo útil. Com apoio tecnológico. Não vejo outra maneira de reduzir o número de erros grosseiros. Com apoio tecnológico -- e só a título de exemplo -- o penálti assinalado por Xistra a castigar falta de Maxi sobre Makelele fora da área, daria lugar a um livre directo. Porque a televisão mostra aquilo que os árbitros não vêem ou dizem não ver.
O FC Porto também já teve grandes penalidades não assinaladas a seu favor. Nos jogos com o Gil Vicente e V. Guimarães. O Sporting também contestou a arbitragem no Funchal e a expulsão de Labyad, neste último jogo com o Gil Vicente.
Em Portugal, não há a mínima tolerância para o erro. Porque já ninguém acredita em ninguém. Porque quase todos pressupõem que os erros resultam dos magistérios de influência que se constroem em redor do sector da arbitragem. E, nalguns casos, parece ser assim... Muitas das críticas são manifestamente exageradas e o Benfica, neste particular, já perdeu muitas vezes o equilíbrio. Até porque já não sabe muito bem o que fazer... Mas, em relação a Coimbra, tem razão, apesar de poucos terem apontado o problema da falta de eficácia...
O terceiro jogo da Liga, realizado a 18 de Agosto, trouxe logo os primeiros problemas com arbitragens. O Benfica-Sp. Braga, dirigido por Artur Soares Dias, esteve envolto em polémica: primeiro, com a expulsão de Douglão (em vez de ‘amarelo’ a Custódio) e depois com a anulação daquele que seria o terceiro golo do Benfica, num lance em que Cardozo não faz falta sobre Beto, apesar do impacto da queda do guarda-redes dos minhotos. Um Benfica-Braga é, no quadro actual de competitividade do futebol luso, um dos 10 jogos mais importantes da Liga portuguesa. Era o arranque da prova. Se a arbitragem fosse dirigida ‘de dentro para fora, sem intromissões’, eu diria, sem provocações mas com coragem e independência, Vítor Pereira teria nomeado Pedro Proença para o primeiro grande embate da Liga 2012-13. Porquê?
1. Porque Pedro Proença ainda gozava dos efeitos de ter dirigido as finais do Euro-2012 e da Liga dos Campeões.
2. Porque o segundo grande jogo da Liga, envolvendo os ‘encarnados’, está marcado, em calendário, para Janeiro de 2013 (Benfica-FC Porto), e, regulamentarmente, se fosse essa a vontade do nomeador, nada obstaria a que ‘o melhor árbitro português’ da actualidade fosse o escolhido para dirigir a partida mais importante da ronda inaugural da Liga.
Isto prova a falta de independência. Alguns dirão que se tratou apenas de bom-senso para não ‘assanhar’ (ainda mais) o Benfica. Então, se foi bom-senso, assuma-se que o veto do Benfica produziu efeitos. Assuma-se que o ruído produz efeitos. Dir-se-á que se tratou de critério. Mas então o melhor critério não é reservar os melhores árbitros para os jogos mais importantes?
Preto no branco: nem sequer há condições para a arbitragem ser independente. Quem protege quem, no país do Apito Dourado?
A arbitragem em Portugal continua a ser aquilo que o Apito Dourado não matou. Não matou as influências, os medos, as represálias e o clima de coacção, directa ou indirecta. Não há é coragem de o assumir.
Foi Vítor Pereira quem disse, numa das suas aparições públicas -- quando aparece, sai quase sempre borrasca... -- que esta ‘não é a geração dos quinhentinhos’. Quis dizer, portanto, que houve uma ‘geração dos quinhentinhos’. E quem, dentro da arbitragem, denunciou aqueles que fabricaram essa geração? Como é que se pode acreditar em alguém com o currículo de Vítor Pereira que faz uma acusação deste jaez e não se lhe conhece uma manifestação de denúncia? Vítor Pereira sempre foi assim. Jorge Coroado era melhor árbitro, mas não tinha a viscosidade e poder de sedução (junto das elites) que Pereira sempre alardeou. Quis dar uma imagem de ‘grande democrata’ quando se pôs a analisar -- com a ajuda do vídeo -- os desempenhos dos seus nomeados. Deu raia, como diz o povo. E não repetiu a democrática experiência. Depois disso, começou a ter reuniões com dirigentes de clubes. Mas alguém independente, com o papel de nomear, tem reuniões com dirigentes de clubes? Não há intromissões? A arbitragem é dirigida de dentro para fora? Não brinque connosco, caro Vítor Pereira. Agora tirou da cartola a solução dos árbitros estrangeiros. Mais uma ‘promessa’ para dar raia? Alguma vez Vítor Pereira explicou em que condições vai (?) nomear árbitros estrangeiros? Com que garantias de equidade? A única coisa que Vítor Pereira fez bem até ao momento foi a promoção dos árbitros portugueses no espaço internacional. E isso corresponde á obtenção de bela$ mordomia$, que todavia não chegam para manter o sector pacificado.
É também uma forma de equilíbrio. Ou instinto de sobrevivência."

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