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segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Quantas estações pode ter um jogo?


"Começou bem chuvoso o jogo nos Açores, não só no estádio mas também para o Benfica, para quem o sol futebolístico só apareceu na 2.ª parte, onde numa demonstração de eficácia que ao Santa Clara soube a desastre natural, elevou o resultado para 5-0. A equipa de Jorge Jesus garante assim que fica em primeiro lugar, aconteça o que acontecer no Clássico

Nem é preciso já ter colocado um pé nos Açores para saber que o tempo cronológico lá corre mais lentamente e que o tempo meteorológico é de humores. Segundos antes do Santa Clara - Benfica começar, chovia furiosamente nos arredores de Ponta Delgada. Quem conhece a bipolaridade das nuvens açorianas diria que era coisa passageira e foi mesmo: aos 5 minutos de contenda, já o sol brilhava e os impermeáveis voltavam às mochilas, ficando ali à mão de semear porque, bem, é São Miguel, nunca se sabe.
Muitas são as estações que cabem durante 24 horas nos Açores, já lá diz o adágio, a sabedoria popular, essas coisas telúricas, e para o Benfica o jogo também começou ele próprio invernal, escuro, para na 2.ª parte se tornar numa espécie de tarde de praia, daquelas de céu limpo e sem ponta de vento - futebolisticamente falando, claro, porque no resto os Açores continuam a ser os Açores e também é por isso que é uma terra tão fascinante.
Mas voltando ao futebol, é possível que o Benfica tenha feito este sábado umas das piores primeiras parte da época. Lento, sem soluções para os poucos espaços dados pelo Santa Clara, que começou firme lá atrás para com o passar dos minutos, com a confiança ganha às custas de um Benfica mortiço, se começar a aventurar mais pelo meio-campo dos visitantes.
Rui Costa, não o presidente do Benfica ou o árbitro do encontro, mas sim o avançado do Santa Clara, avisou logo aos 9 minutos, num remate fácil para Vlachodimos mas que mostrava que havia por ali espaço para explorar. Aos 25’, num canto, a bola voltou a rondar a baliza do Benfica e à meia-hora, num livre direto após falta de Vlachodimos fora da área, Lincoln chutou à barra. O mesmo Lincoln que obrigaria o guarda-redes grego a defesa apertada após um grande remate de meia distância.
E foi neste sufoco que o Benfica, de supetão, fez o primeiro: aos 42’, grande passe de Grimaldo para a desmarcação astuta de Rodrigo Pinho, que de pé esquerdo (e de primeira) fez o seu primeiro golo com a camisola do Benfica.
Era um golo inesperado, por aquilo que o Benfica não estava a conseguir fazer. Mas tudo o que não estava a conseguir fazer na 1.ª parte, apareceu na segunda. Desde logo com mais bola, aos 53’ Everton recebeu, rodopiou artisticamente e lançou Darwin, que frente a Marco não falhou - curiosamente, um golo construído e confirmado por dois dos piores jogadores encarnados nos primeiros 45 minutos, provando que não há chuva que sempre dure.
Cinco minutos depois, mais um golo. Um grande remate de Rafa, colocado, sem grande força, que deixou Marco especado no chão, sem qualquer reação, aninhando-se suavemente nas redes da baliza do Santa Clara que, do nada, se via a perder por 3-0. Ou melhor, 4-0, porque aos 62’ houve mais um golo, de novo Darwin, agora com alguma sorte à mistura, num tiro que ainda bateu em dois jogadores antes de entrar.
O dia radioso que punha para o Benfica era sentido do outro lado do campo como uma verdadeira tempestade. E foi aliás numa altura em que os céus deixaram novamente cair uma carga de água bíblica sobre o estádio dos Açores que apareceu o 5-0, aos 68’, cortesia do recém-entrado Roman Yaremchuk, a finalizar no coração da área uma boa e simples jogada de envolvimento dos jogadores encarnados.
Houve outono, primavera, inverno e verão no jogo do Benfica e para os açoreanos às tantas foi um desastre natural. O estrago do furacão de eficácia benfiquista estava feito, tão repentista e surpreendente que o Santa Clara mal teve tempo de o ver chegar ou reagir.
Jorge Jesus aproveitou então para rodar, porque na terça-feira há Liga dos Campeões, e logo em Kiev, e um 5-0 já é mais do suficiente para o Benfica se manter na frente, numa jornada em que ainda vai ganhar pontos a um (ou aos dois) dos rivais diretos na luta pelo título."

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