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quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

O ministro, os clubes e o monstro

"O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, deu uma entrevista ao DN e à TSF. Entrevista longa, polémica, a merecer diversa contestação política e na qual originalmente considerou que os polícias andam a comprar equipamento é «porque querem, não têm necessidade disso».
A entrevista ficou também aspectos relacionados com a segurança nos estádios, a violência das claques e o recente pedido de reunião com o governo, por parte da Liga.
Para o ministro, porém, o problema resume-se à «responsabilidade da comunidade», entendendo ele por comunidade o conjunto dos clubes e das suas organizações. Não há novidade nessa linha de pensamento primário que também tinha sido seguida pela área governamental que tutela o desporto. É uma forma de desresponsabilização do governo, que se sente de consciência tranquila desde que criou uma autoridade para a violência, retirando do IPDJ a manifesta incomodidade de ter um organismo do governo «a tratar de assuntos do futebol».
Entende-se a razão da inconveniência. O futebol só dá votos na sua parte de sucesso, o resto são só chatices e incomodidades políticas e, por isso, quanto mais afastadas, melhor.
Mas há, quer o governo goste, quer não goste, um problema com o qual os clubes estão a ter sérias dificuldades em lidar. O crescimento das claques, eventualmente por responsabilidade dos dirigentes dos clubes, deu a algumas dessas claques um perigoso poder de influência e de acção que põe em causa aspectos essenciais à segurança e à credibilidade do jogo. E, sozinhos, os clubes já não conseguem controlar o monstro que criaram."

Vítor Serpa, in A Bola

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