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domingo, 14 de julho de 2024

Obrigado, Abel


"Falou de «índios» e soube voltar atrás. Sim, as palavras são importantes

Abel Ferreira nasceu no final de 1978. Cresceu nas escolas e nos balneários onde se utilizavam expressões irreprodutíveis para classificar minorias. Quem tiver nascido nos anos 1970, ou antes, ou mesmo nos anos 1980, e (degraçadamente) até nos anos 1990, sabe do que falo.
Quando se referiu ao facto de o Palmeiras não ser «uma equipa de índios» cometeu uma imprudência, não um pecado. Não devia tê-lo feito. Como eu não devia ter chamado coisas muito feias a colegas de escola e de futebol. Ou eles a mim. Ou toda a gente que anda no futebol e ainda é homófoba, xenófoba e racista, por mais estrangeiros que cheguem (homossexuais não chegam, o futebol pelos vistos é diferente de toda a sociedade) .
Abel Ferreira percebeu, bem a tempo, que há termos e expressões que já não podem utilizar-se. Trazem com elas séculos de opressão e toda a carga que isso tem sobre os netos dos netos dos netos de todas as vítimas. Que continuam a ser vítimas. Por mais que o vão negando e tentado apregoar o contrário.
O treinador português, que claramente falou sem o menor preconceito contra as comunidades indígenas — mas disse o que disse — emitiu depois um comunicado muito digno. Foi ao encontro do que tem de ser dito numa sociedade cravada e rasgada pelo racismo e pela ameaça de extrema-direita que volta a pairar sobre parte da Humanidade, Brasil incluído.
Assumiu que há estereótipos que temos de largar de vez, reconhecendo que «as palavras têm poder e impacto, independentemente da intenção». Falar de índios, pretos, brancos, amarelos, chinocas ou monhés enquanto definição de pessoas é realmente politicamente incorreto. E bem.
Chamei nomes vergonhosos a colegas, companheiros e amigos. Sou dos anos 1970. Espero ainda ir a tempo de redimir-me.

De chorar por mais
Chegam à final do Euro duas equipas promissoras. Uma mais que a outra, é certo. Mas haverá sempre um lado romântico na Inglaterra.

No ponto
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Insosso
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