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quinta-feira, 20 de julho de 2023

Arábia Saudita. O futebol lava mais branco


"O que sei é que é obsceno o valor que os árabes quiseram pagar para terem, por exemplo, Tiger Woods, a jogar no seu campeonato de golfe: cerca de 700 milhões de euros para fazer meia dúzia de jogos.

A Arábia Saudita não tem, seguramente, a melhor imagem no mundo ocidental, mas sabe-se que o novo monarca que conduz os destinos do país tudo tem feito para alterar essa perceção, embora tenha começado da pior forma, com a morte de uma forma bárbara de Jamal Khashoggi, residente nos EUA e cronista no jornal The Washington Post, que se tinha deslocado ao consulado da Arábia Saudita na Turquia.
O príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, terá dado a ordem para assassinarem o jornalista, mas isso foi em 2018 e agora poucos se lembram. Numa tentativa de abertura ao mundo, Salman já produziu legislação que permite às mulheres conduzirem, além de outras liberdades, embora muito reduzidas se olhadas de acordo com o nosso olhar ocidental. As mulheres - e nem vale a pena falar dos homossexuais, quanto mais em trans e afins, que se descobertos acabam chicoteados em público, na melhor das hipóteses, quando não mortos - são consideradas propriedade dos homens e não podem andar em público sem companhia masculina.
Mas a Arábia Saudita está disposta a gastar muitos mil milhões de euros, ou dólares, no Processo de Lavagem de Imagem (PLI), e descobriu que o desporto pode ser uma excelente oportunidade para se falar do país de uma forma positiva. Cristiano Ronaldo foi o primeiro grande embaixador e a sua companheira um excelente cartaz para mostrar a tal abertura ao mundo. Não faço ideia se as mulheres da Arábia Saudita já podem aparecer em público como o faz Giorgina Rodríguez, mas tenho sérias dúvidas de que isso seja possível.
O que sei é que é obsceno o valor que os árabes quiseram pagar para terem, por exemplo, Tiger Woods, a jogar no seu campeonato de golfe: cerca de 700 milhões de euros para fazer meia dúzia de jogos. Os milhões pagos aos craques de futebol devem valer cada centavo nessa política em que o futebol, o golfe, o automobilismo ou o ténis lavam mais branco a Arábia Saudita. Já agora, nessa tendência de abertura não seria de Mohammed bin Salman permitir a abertura de uma Igreja Católica para os jogadores poderem rezar livremente, sem terem de se esconder? Uma política de reciprocidade ficava-lhes bem...

P. S. E, já agora. Que tal canalizarem algum desse dinheiro para receberem os milhares de migrantes que deixam os continentes asiático e africano à procura de uma vida melhor na Europa, essa terra decadente e sem futuro?"

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