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sábado, 29 de outubro de 2022

Onze a marchar


"O Benfica teve onze jogadores que tiveram de conciliar o futebol com a vida militar

A temporada 1970/71 teve como novidade a contratação de Jimmy Hagan para orientar o Benfica. Os métodos do britânico suscitaram a curiosidade por parte da imprensa devido às elevadas cargas físicas, chegando ao ponto de 'haver jogadores que não escondiam o seu receio. Quilómetros, sprints, cross, rampas, etc'. Alguns desavisado que assistisse às sessões ficaria na dúvida se se tratava de um treino de uma equipa de futebol ou de militares.
A resposta acerca de alguns jogadores até podia ser ambos, por haver elementos que estavam em simultâneo a cumprir o serviço militar obrigatório. Apesar de serem futebolistas, a lei era clara: 'Aos 18/19 anos os jovens eram chamados para a inspeção militar (provas físicas e médicas) e habitualmente eram incorporadas no ano em que cumpriam o 20.º aniversário'. Com os encarnados a apresentarem um plantel com uma média de idades bastante baixa, 'a situação era absolutamente inédita em clubes portugueses', havendo onze jogadores a cumprir serviço militar. Deste grupo, destacavam-se Nené, Toni e Artur Jorge, por serem habitualmente titulares. Dessa forma, tinham de conciliar 'as actividades militares com treinos a horas anormais e algumas vezes (bem frequentes!) a terem de alinhar sem o repouso do estádio'.
Todos estes factores poderiam ser prejudiciais ao sucesso da equipa, devido à enorme probabilidade de os jogadores revelarem quebras físicas do meio da época em diante. No entanto, aconteceu o contrário, os benfiquistas realizaram uma reta final soberba no Campeonato Nacional. Conseguiram oito triunfos consecutivos, e, assim, ultrapassaram o Sporting na liderança da competição.
Para o sucesso da equipa, a prestação do oficial e avançado Artur Jorge foi fundamental. O jogador participou em todas as jornadas da prova, sendo totalista em 24 dos 26 jogos. Com enorme sentido de oportunidade e finalização apurada, distinguia-se pela forma como conseguia ludibriar os defesas, com excelentes desmarcações, às águias os companheiros de equipa correspondiam de forma esplêndida. Letal, apontou quatro hat-tricks na prova, nas 3.ª, 7.ª, 10.ª e 15.ª jornadas. Talentoso, não deixava os adeptos indiferentes, sempre que aplicava o seu pontapé de moinho, movimento espectacular e ao alcance apenas dos predestinados. Artur Jorge sagrou-se, o melhor marcador da competição com 24 golos, não acusando qualquer sobrecarga física.
Saiba mais sobre esta extraordinária temporada na área 6 - Campeões Sempre do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

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