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sábado, 23 de outubro de 2021

15 minutos à FC Bayern. E agora, SL Benfica?


"15 minutos à FC Bayern que se mostraram fatais para o SL Benfica

Uma hora e uma dezena de minutos de resistência portuguesa. 15 minutos à FC Bayern, de absoluta compressão por rolo alemão. Meia dezena de minutos de resignação e conformismo de ambas as partes.
Tripartindo os 90 minutos regulamentares disputados entre SL Benfica e FC Bayern na passada quarta-feira é, de forma resumida, isto que se obtém. Perante a hétero-proclamada “melhor equipa do mundo”, a galhardia encarnada não foi suficiente para conseguir mais do que uma aparente vitória moral.
Aparente por não (poder) existir vitória moral alguma num clube que construiu a sua história com pergaminhos de vitória factual. E aparente por não ser tão linear assim que uma derrota consumada com quatro golos sem resposta possa gozar de tal estatuto.
Não obstante, não se pode atingir o patamar de aguda obtusidade em que se olha o resultado cegamente e se dá por inútil qualquer análise ao que de bom foi feito em campo pelas águias.
Assim, o que se extrai de positivo do embate com os germânicos? De entre a miríade de possíveis respostas, talvez a que mais se soergue seja a coragem que a turma de Jorge Jesus demonstrou, patente na propensão ofensiva que – não sendo de grande volume – se superiorizou ao expectável a priori. Em certos momentos do jogo, pode dizer-se que os encarnados portugueses olharam os encarnados alemães nos olhos.
Todavia, o que se ganha com uma coragem que, no imediato, não deu frutos? É difícil prever, mas a coragem – por mais infrutífera – pode ser um vetor de moralização e de união do grupo muito grande.
No fundo, “raça, crer, ambição” deixa de ser apenas um slogan de ordem aleatória e passa a ser uma sequência ordeira: a raça no campo leva ao crer na equipa que leva à ambição no clube.
A primeira parte da sequência já se nota, pelo seu reflexo na crença demonstrada pelos adeptos na comunhão com a equipa nos finais da partida e nas Todas-Importantes redes sociais. Esta motivação que parece permear o clube dentro e fora do campo pode vir a ser fulcral para a conquista dos principais objetivos.
Contudo, não é apenas a coragem colocada em campo que se extrai de positivo da goleada caseira, sobretudo numa perspetiva futura. Olhando para a remanescente época, percebemos que é importante saber que Jorge Jesus teve no transato dia 20 a oportunidade de solidificar ideias quanto às individualidades da equipa e quanto às suas escolhas coletivas.
Perante os bons 69 minutos iniciais, JJ terá percebido que acertou ao colocar Darwin a jogar sobre a esquerda, que Weigl e João Mário são “a” dupla de meio-campo a adotar sempre que possível (infeliz e assustadoramente, são cada vez mais insubstituíveis), que Rafa é titularíssimo, que o trio de centrais é pedra basilar neste SL Benfica e que há peças que não têm lugar no plantel.
Adel, Taarabt, o “49”, Pizzi, Luís, o “21”, Everton, Cebolinha, o “7” – pelo menos estes. Cabe agora a Jorge Jesus interiorizar estas ideias. Caso o faça, poderemos dizer que algo de bom e com repercussão na restante temporada adveio deste SL Benfica x FC Bayern.
O terceiro e último ponto positivo a destacar prende-se com as ilações que a equipa técnica pode retirar dos últimos 15/20 minutos da partida e dos golos sofridos em catadupa. É vital para o sucesso futuro da equipa que quem de direito perceba que é necessário trabalhar a vertente psicológica do plantel, que continua a não saber reagir da melhor forma às adversidades.
Perante a frustração das expetativas, o SL Benfica perde solidez mental, defensiva, coletiva. O que, perante um FC Bayern absolutamente bárbaro, se pagou caro – e vai ser de novo assim em Munique, se essa vertente importante do jogo não for trabalhada.
Como tal, mesmo do que de mau aconteceu na partida se pode extrair algo de bom – tudo depende da capacidade para aprender e melhorar. Posto isto, a derrota por 4-0 não goza de carácter especial. Foi, é e será para a Eternidade uma derrota, marcada por aqueles terríveis 15 minutos à FC Bayern.
A única diferença desta derrota para outras é que esta dá tanto a aprender ao SL Benfica que pode ser o gatilho necessário para vitórias futuras. E essas sim vão ser vitórias factuais e. por inerência, morais. Porque no SL Benfica só pode haver um tipo de vitória (além da águia, claro)."

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