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sexta-feira, 7 de maio de 2021

Via Verde


"Que seja um clássico entre o Benfica e o FC Porto a possibilitar ao Sporting a vitória na I Liga não é, convenhamos, um cenário muito contemporâneo. Contudo que melhor desfecho para espelhar aquela que foi uma época em que o leão, passo a passo, jogo a jogo, foi ofuscando aquela que se previa a normal luta pela hegemonia dos anos anteriores? E agora que já vamos em maio, e que o Sporting só precisa da vitória caseira frente ao Boavista para se sagrar campeão nacional, parece bem distante aquele período de tempo entre o FC Porto conquistar o título e o Benfica ter ido buscar o afamado Jorge Jesus ao Rio de Janeiro. Dessas duas parangonas (Porto campeão e Benfica com o regresso do seu treinador mais titulado) se criou a expectativa de que este clássico marcado para a jornada 31 seria aquele que mais peso teria nas contas do título. E, ironicamente, acabou por ser este mesmo clássico não só a dar a possibilidade de o Sporting voltar ao Marquês, como a espelhar o porquê de serem os leões a equipa que comanda, destacada, o campeonato.
Não que o jogo não tivesse tido qualidade, e não que quer Benfica, quer FC Porto sejam equipas banais, mas se olharmos ao que foi o resultado e o jogo jogado que o criou, rapidamente se reparará que a eficácia do líder foi, e será, determinante nas contas finais do título. Isto porque se olharmos para a equipa que segue (seguia?) na perseguição, rapidamente repararemos que está lá a intensidade, a competitividade, a organização que formam um colectivo capaz de ir à Luz e mandar na maior parte do jogo, omo capaz, por exemplo, de conseguir 11 remates dentro da área adversária , como ainda também de ir ganhando de dividida em dividida a bola necessária para ir dominando e criando o suficiente para merecer ter outro conforto e, claro está, outro resultado. Um domínio que (sabemos agora porque assistimos aos 15 minutos finais) foi claramente consentido por um Benfica que se viu em vantagem sem que muito tivesse feito para isso. Foi o golo de Cebolinha (23′) que pareceu dar um ordem de recuo, de espera, que ajudou em muito a que o FC Porto fosse crescendo até à baliza de Helton. Já antes disso os dragões tinham dado um ar da sua graça mas, até aí, com uma só rota definida para o fazerem: Marega a fugir a Vertonghen.
Aí, numa altura em que o jogo estava mais dividido, os azuis-e-brancos encontraram ocasiões na área para colocarem em xeque o 343 de Jorge Jesus. A diferença é que o Benfica ia conseguindo manter os portistas mais longe de Helton, fruto da tentativa (já vista no Dragão) de igualar a intensidade do (ainda) campeão nacional. Mas depois de Díaz rematar ao lado (4′), de Uribe ter uma boa oportunidade dentro da área (9′) e de Taremi não conseguir emendar um cruzamento de Marega (20′), Cebolinha fez das suas e do quase nada criou uma vantagem que alterou a estratégia encarnada. E a partir daí, muito se poderá elogiar a postura mais expectante e venenosa do Benfica, até porque numa ou outra transição (e elas apareceram) o 2-0 mataria o jogo. Mas, em abono da verdade, esse recuo deu ao FC Porto a possibilidade de se ir chegando perigosamente até Helton num assédio que nada abona em favor desse passo atrás.

Na imagem duas notas importantes sobre os minutos iniciais: FC Porto a procurar a direita (provocar Verthongen com Marega) e Benfica a fechar saída dos portistas com agressividade


Manafá também a criar pela direita portista

Isto porque até ao golo de Everton, o FC Porto ia tendo mais dificuldades para se impor e fazer a bola chegar limpa ao último terço. Mas depois, só a falta de eficácia na finalização poderá explicar que ao domínio se juntasse o resultado. E ironicamente o que realça a importância desse recuo do Benfica para se explicar o jogo acaba por ser… o golo portista. É que depois de Uribe se redimir do falhanço da 1.ª parte, o Benfica voltou a um registo mais adiantado, mais de pressão alta e conseguiu ter a bola necessária para meter em sentido o FC Porto. Em contrapartida, os dragões viam-se agora com muito mais dificuldades para sair limpo e se estabelecerem onde durante a maior parte do jogo tinham estado. Ainda por cima, depois do golo de Uribe ter validado a aposta de Sérgio Conceição em João Mário para a ala direita (ele que serviu Uribe e criou mais um par de calafrios à linha defensiva do Benfica), foi a vez do jogo dar razão a Jorge Jesus – que meteu Darwin a esticar por essa ala. E aí sim, o jogo foi de todos e não foi de ninguém – o que é explicado facilmente pelo facto de as duas equipas terem tido oportunidades para chegar à vitória mas nenhuma ter conseguido a pizzadela final.

Benfica-FC Porto, 1-1 (Everton 23′; Uribe 75′)

Daqui, Cebolinha criou um golo. Fantástico!


Depois do golo de Cebolinha, FC Porto encontrou outras rotas e conseguiu mais presença junto ao último terço


João Mário a ganhar a aposta na ala direita, encontrou Uribe (sozinho) no coração da área. O FC Porto ganhou 8 cantos na 2.ª parte (o que mostra a proximidade do último terço) mas só neste (numa bola que sobra) conseguiu criar real perigo (e golo)



Com o FC Porto sem discernimento para evitar transições, a entrada de Darwin e a presença que deu à ala esquerda esteve a centímetros de ser determinante – por duas vezes!"

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