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quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Lech Poznan x SL Benfica | Os 4 jogos contra polacos na UEFA



"Há uma qualquer atracção do Lech Poznan pelos portugueses. Quando defrontar o SL Benfica, esta quinta feira (17h55), será a terceira vez que defrontam clubes nacionais em três participações uefeiras: SC Braga (16 avos, 2010-11) e Belenenses (Fase de Grupos, 2015-16) não passaram no frio polaco, não conseguindo melhor que uma derrota e um empate, estatística que acentuou ainda mais a dificuldade lusa nas deslocações aquele país – no total, apenas duas vitórias em 13 jogos, registo fraco e que amedronta as aspirações do Benfica no confronto da Liga Europa.
Jesus muito menos tem boas recordações da capital, Varsóvia, onde perdeu pelo Sporting CP frente ao Legia (1-0) em 2016-17. O treinador português não espera facilidades e não deverá alterar muito em relação ao onze de Vila do Conde, sabendo de antemão que é essencial entrar com o pé direito na prova.
Os polacos são comandados por Darius Zuraw, técnico de 47 anos que foi promovido da equipa secundária no final de 2018-19. Criado numa cultura futebolística que tem como primeiras referências os nomes de Lato, Boniek e Lewandowski, não admira que o treinador baseie o seu sistema em ousados ideiais ofensivos, construíndo o onze titular sobre um habilidoso triângulo de meio-campo composto por Pedro Tiba, Moder e Daní Ramírez.
Perto do português, que funciona como ‘8’, Moder afirma-se nos grandes palcos e interpreta o papel de médio mais defensivo. Polaco, de 21 anos, é um dos grandes destaques da equipa e faz, por estes dias, as delícias dos scouts europeus pelas características singulares do seu jogo: a técnica e visão de jogo que possui permitem-lhe funcionar como o pêndulo do 4-2-3-1, orquestrando o onze desde a primeira fase de construção e permitindo liberdades a Ramírez, o ‘10’ declarado.
Espanhol formado no Leganés e com passagem pelos escalões inferiores do Real madrileno, será a principal dor de cabeça para a defensiva encarnada pela criatividade e movimentações no apoio ao ponta-de-lança de serviço, Mikael Ishak, internacional sueco já com sete golos em 2020-21.
Há boas notícias para o Benfica, no que toca a ausências. Djordje Crnomarkovic e Ljubomir Satka, centrais habitualmente titulares, estão de fora por razões díspares. O primeiro por estar infectado com Covid, o segundo pela expulsão no play-off, o que permite a titularidade à quarta opção, Tomasz Dejewski.
Pormenores que os encarnados têm em atenção e que podem facilitar e muito a missão portuguesa em Poznan. Se a isso juntarmos o histórico benfiquista contra equipas do país, menos preocupações haverá quanto às possibilidades de sucesso. Nas duas vezes que se deslocaram à costa do Báltico, houve empates em casa do Katowice (1-1, 93-94) e Ruch Chórzow (0-0, 96-97), ambas as ocasiões a contar para a extinta Taça das Taças e que permitiram resolver as eliminatórias no calor de Lisboa. Recordemos esses encontros, com direito a ficha de jogo.

1. SL Benfica 1-0 GKS Katowice
15 de Setembro de 1993
Taça das Taças 1993-94, Primeira eliminatória

Onzes Iniciais:
Neno; Abel Xavier (64’, Rui Águas), Mozer, William, Schwarz; Paneira, Rui Costa e Isaías; João Vieira Pinto, Aílton e César Brito.
Janusz Jojko; Krzysztof Maciejewski, Kazimierz Wegrzyn e Grzegorz Borawski; Marek Swierczewski, Miroslaw Widuch, Dariusz Rzezniczek e Adam Kucz; Zdzislaw Strojek, Marian Janoszka e Dariusz Wolny.
Marcadores: Rui Águas (86’)

O golo tardio de Rui Águas não fez justiça a uma tarde dominadora do Benfica, ainda que a exibição tenha sido muito aquém do que aquela equipa podia fazer. Depois de três empates a abrir a Liga, esta vitória europeia lançou os encarnados para uma série de sete vitórias consecutivas, que só terminou no final de Novembro, no Bonfim (5-2), jogo marcado pelo vendaval atacante, resultado de um tornado chamado Yekini e pela mudança tática de Toni, que a partir daí começou a contar com Kulkov a ‘6’, de forma a proteger Rui Costa e companhia.

2. GKS Katowice 1-1 SL Benfica
29 de Setembro de 1993
Taça das Taças 1993-94, Primeira eliminatória

Onzes Iniciais: Neno; Abel Xavier, Mozer, William e Veloso; Paneira, Schwarz e Rui Costa e Isaías; João Vieira Pinto e Rui Águas
Janusz Jojko; Krzysztof Maciejewski, Kazimierz Wegrzyn e Marek Swierczewski; Grzegorz Borawski, Miroslaw Widuch, Dariusz Rzezniczek e Zdzislaw Strojek; Marian Janoszka, Adam Kucz e Dariusz Wolny.
Marcadores: Adam Kucz (45’) e Vítor Paneira (70’)

Foi antes de uma ida a Famalicão que o Benfica viajou para a Polónia para confirmar a passagem à próxima fase. Chegados ao GKS Stadion, as bancadas á pinha foram ilusão de glória para os da casa, ainda que o ímpeto os tenha permitido ir para o intervalo a vencer e com a eliminatória empatada. Porém, a experiência do Benfica sobrepôs-se à histeria e Paneira, golpeando de cabeça bola perdida ao segundo poste, acabou de vez com as todas esperanças.
O próximo adversário seria o CSKA de Sófia, antes de Leverkusen (e os míticos 4-4) e, finalmente, o Parma.
O GKS Katowice está neste momento a competir na segunda divisão.

3. SL Benfica 5-1 Ruch Chorzow
12 de Setembro de 1996
Taça das Taças 1996-97, Primeira eliminatória

Onzes Iniciais:
Preud’Homme; Calado, Hélder, Bérmudez e Dimas; Jamir e Bruno Caires; Valdo e Panduru; Donizete e João Vieira Pinto.
Piotr Lech; Gasior, Gesior, Baszczynski e Jaworski; Pieniazek e Arkadiusz Bak; Rowicki, Mosór e Miroslaw Bak; Srutwa.
Marcadores: Donizete (24’), JVP (26’), Jamir (31’), Valdo (68’ e 90’) e Gesior (71’)

Havia entusiasmo no inicio de época, esperanças renovadas em temporada de sucesso assente na chegada do treinador campeão brasileiro Paulo Autuori, contratações sonantes como Donizete e Paulo Nunes e em inovações táticas como o 4-2-2-2, conhecido entre o povo benfiquista por alcunha inusitada. Balde de águia fria na Supertaça frente ao FC Porto, com derrota por 5-0 na Luz (!), procurava-se na Europa o oxigénio que permitisse respirar melhor perante pressões exteriores – ainda para mais depois do descalabro frente ao Bayern de Munique na Taça UEFA 95-96, com 7-2 no agregado e seis golos do alemão Klinsmann, justificando a alcunha de… Kataklinsmann. Frente ao Ruch, à altura 16º classificado da Ekstraklasa, tirou-se a barriga de misérias e acentuou-se o entusiasmo geral em torno das novas circunstâncias da equipa. Ingenuamente…

4. Ruch Chorzow 0-0 SL Benfica
26 de Setembro de 1996
Taça das Taças 1996-97, Primeira eliminatória

Onzes Iniciais: Piort Lech; Pieniazek, Fornalak, Wawrzyczek e Basczynski; Arkadiusz Bak e Gesior; Mizia, Mosór e Rowicki; Srutwa.
Preud’Homme; Pedro Henriques, Hélder, Bermúdez e Marinho; Tahar El-Khalej e Jamir; Valdo e Panduru; João Vieira Pinto e Donizete.

Era assim que o Programa de Jogo apresentava o conjunto forasteiro, antes da primeira mão: «Da equipa polaca, muito jovem e com alguma habilidade, que hoje se apresentará no nosso Estádio pelas 21h30, fazem parte os internacionais Gesior e Dabrowski. O técnico Jerzy Wynorek, que foi figura grada do clube nos anos setenta, tem uma equipa onde o setor mais forte é o defensivo, com um guardião muito experiente (mais de 155 jogos de campeonatos) e que dá pelo nome de Kolodziejczyk. 
No meio-campo, a “despesa” é feita por Gersior – o estratego – e Mosor e, no ataque, conta com Miroslaw Bak (já alinhou no Athinaikos, da Grécia), avançado experiente e que costuma fazer dupla com Mariusz Srutwa. 
Uma formação que irá apresentar-se no nosso Estádio, após ter eliminado na pré-eliminatória o Liansntffraid, do País de Gales, com quem empatou a um golo e venceu por 5-0.»
Não sem antes terminar com premonição curiosa, «No seu estádio, que comporta 40 mil pessoas, deverá querer rectificar, daqui a quinze, com certeza, o desfecho de hoje…»
Como se previa, a evidente diferença de qualidade individual permitiu ao Benfica gerir esforços e avançar para uma caminhada onde encontraria o Lokomotiv de Moscovo (4-2) e a Fiorentina de Rui Costa e Batistuta (1-2).
O Ruch Chorzow é, por estes dias, também concorrente na Segunda Liga Polaca. O seu maior feito de sempre é uma final da Intertoto perdida em 1998, frente ao Bolonha."

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