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sexta-feira, 15 de maio de 2020

O 'ás' do chalanismo

"O 'El País' qualifica a devoção de Futre a Chalana como uma verdadeira forma de estar no futebol, e na vida. O mestre e o seu ás merecem, afinal, do futebol português e do país, um tributo que verdadeiramente ainda não tiveram. Talvez esteja na hora!

Em tempos de pandemia e de falta de futebol, o jornal espanhol 'El País' tem publicado uma nostálgica (e excelente) rubrica intitulada 'O jogador que deslumbrou...'. Para responder, convida uma estrela do futebol que escolhe e analisa o ídolo da sua infância ou adolescência. Ou mesmo de velhas rivalidades enquanto jogadores de um mesmo tempo.
No passado domingo, o 'El País' desafiou Paulo Futre para escolher o jogador que o deslumbrou. E Futre dá, como sempre foi o seu timbre, um verdadeiro festival. Não escolheu um mas dois craques. Ou melhor: um bom jogador, Chendo, o antigo lateral do Real Madrid que marcou Futre sempre com grande competência e elegância - 'Foi quem menos me deixou jogar'. E um jogador que representa a pureza eterna e originária do futebol de rua, Fernando Chalana, uma estrela imortal do futebol português e mundial.
Ler Futre a falar de Chalana é o mesmo que regressar ao território encantado da infância e do tempo em que o futebol ainda não tinha sido asfixiado pela ditadura dos 'sistemas' e pela tentativa de construir uma supremacia da táctica sobre o esmagamento da táctica sobre o esmagamento da técnica. Ora, Fernando Chalana foi, depois de Eusébio, o maior astro do futebol português, que meteu milhares de miúdos por esse País fora a querer 'fintar à Chalana'. E 'fintar à Chalana', impossível para um imitador, por mais perfeito que fosse era elevar o futebol à condição de oitava maravilha do Mundo.
Como bem recorda Paulo Futre, o seu ídolo tirava três ou quatro adversários do caminho apenas com os movimentos das ancas. Conduzia a bola na ponta da bota com a precisão do mais perfeito lapidador de diamantes do mundo e sempre no palmo de terreno inalcançável pelos perseguidores. Futre seguiu o mestre e tornou-se o seu melhor seguidor. Um do Montijo, outro do Barreiro, filhos de terras com histórica e carácter. No terreno e fora dele elegeu o chalanismo', como apropriadamente qualifica o jornal espanhol a devoção de Futre a Chalana, como uma verdadeira forma de estar no futebol e na vida. Com muito talento, muita simplicidade e trabalho, muita pureza. Um e outro sempre imbuídos de um forte sentido de justiça e solidariedade. O mestre e o seu às merecem, afinal, do futebol português e do País, um tributo que verdadeiramente ainda não tiveram. Talvez esteja no hora!"

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