Últimas indefectivações

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Traços de personalidade de um ascendente remoto

"O presidente do Sporting atirou-se ao presidente do Benfica como gato a bofe. Os analistas convencionais não demoraram a descodificar esta volúpia insultuosa de Frederico Varandas. trata-se de um ativismo, foi a conclusão a que chegaram. No campo da Biologia diz-se que um ativismo é a "reaparição em um descendente de traços de personalidade de um ascendente remoto que permaneceram latentes por várias gerações". Em sentido figurado, um ativismo remete para a "hereditariedade biológica de características psicológicas, intelectuais, comportamentais". Perante a ânsia latente na diatribe de Varandas, os analistas parecem ter toda a razão. É que este episódio, apesar de recentíssimo, remete para todo um historial de episódios já seculares. E, assim, é legítimo concluir que esta semana o presidente do Sporting limitou-se a ser presidente do Sporting.
Existe, no entanto, uma segunda escola de analistas que explica de outro modo, bastante menos convencional, a inspiração para esta epístola furiosamente anti-Benfica assinada por Varandas a meio da semana. Não lhe terá surgido por causa daquele impulso atávico de insultar o presidente do clube rival fornecendo, sem custos, uma alegria e um suplemento motivacional às suas hostes em vésperas de dérbi.. Não, nada disso. Não é com o Benfica nem com o lugar onde se vai sentar para assistir ao jogo que o presidente do Sporting está preocupado. É com a aproximação vertiginosa do dia do lançamento do livro de memórias do ex-presidente do Sporting que o actual presidente do Sporting está preocupado. E ainda que à pala do Benfica, tocou a unir as hostes, fez bem.
Há qualquer coisa de inatingível e de muito perverso nesta febre com que o Benfica se dedica a contratar para as suas camadas jovens os descendentes de velhas glórias portistas. Depois do filho de Sérgio Conceição, teremos agora no Seixal um filho de Domingos Paciência e ambos os progenitores estão descansadíssimos porque têm os filhos bem entregues. No entanto, o "benfiquismo" mais básico torce um bocadinho o nariz a estas notícias. Ah, se "eles" fossem mesmo jeitosos, de certeza que jogariam no FC Porto e não os deixavam sair... - é esta a suposição corrente entre os que não acreditam no Pai Natal e são pessimistas por natureza. Já os optimistas por natureza vêem a coisa de uma maneira totalmente diferente. Para estes, é óbvio que Sérgio Conceição e Domingos Paciência estão apenas a zelar para que ninguém diga aos seus talentosos filhos o que foi dito ao pequeno João Félix lá no FC Porto: aqui não, miúdo, no Padroense, talvez...
O Benfica despachou as suas quatro contratações mais ou menos sonantes do defeso passado e fez subir à equipa principal o mesmo número de jogadores da equipa B. E passou duas mensagens para o exterior: que se espalhou ao comprido no mercado de verão e que o Seixal é que é. E será. Ou não será?"

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