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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

20-0: a derrota espetacular de que toda a gente fala em Itália tem um contexto de greves, crises e documentos trocados

"Na primeira etapa o marcador já estava 16-0, na segunda o Cuneo fez apenas 4 golos fechando o marcador e retratando uma crise das equipas menores do futebol italiano

O Pro Piacenza foi fundado em 1919, e sempre passou por crises financeiras, vivendo a maior parte do tempo como equipa amadora. Na última década, porém, acabou por profissionalizar e aproveitaram a lacuna deixada pelo Piacenza Calcio, outro clube da cidade que participou na Liga Italiana pela última vez em 2002/2003.
Apesar do desejo em manter a equipa em boas condições, a direcção do clube começou a ter dificuldades para manter o clube que andava pelo meio da tabela da terceira divisão na generalidade dos casos. E nesta temporada a crise atingiu a equipa de maneira mais forte, já foram três as faltas de comparência e só não tiveram a quarta neste fim de semana, porque a equipa seria excluída da Série C.
Neste domingo, a direcção tomou uma decisão extrema e para evitar uma exclusão resolveu entrar em campo. O site Sport Piacenza afirma que os adolescentes seleccionados não eram da formação, que já havia sido extinta nos meses anteriores. Desta forma, os sete garotos estavam ali apenas para evitar um problema maior para a equipa, mas um dos miúdos esqueceu-se inclusivamente da certidão e o roupeiro do clube precisou de entrar em campo. O documento chegou durante a partida e ele substituiu um dos jogadores que se lesionou na segunda-parte.
Acabou 20-0, 16 golos foram marcados apenas na primeira-parte e com 25 minutos o marcador já estava 10-0. Para se ter uma ideia, Kanis marcou seis golos, Defendi fez cinco, Emmausso e De Stefano fizeram três, Caso, Ferrieri e Álvaro fizeram 1 golo e fecham o marcador.
Para se ter uma ideia, todos os atletas eram adolescentes, não havia treinadores e o capitão de 18 anos também acumulou a função de treinador da equipa.


O Contexto da Crise
A crise na equipa se agravou de 2018 em diante, foi especulado uma fusão com outra equipa, porém o clube acabou vendido à Sèleco, companhia de electrodomésticos. O que parecia ser um auxílio para a equipa acabou por se tornar um tormento: em Outubro os salários começaram a atrasar, grande parte dos jogadores entrou com uma acção contra o clube. Depois disso, a equipa também atrasou o pagamento do arrendamento do estádio e foram descobertas irregularidades no seu registo na Série C.
O director da equipa denunciou os donos do clube, com a falta de investimento nas estruturas do clube e na formação, vários jogadores foram dispensados e o responsável pela formação pediu demissão, agravando ainda mais a crise.
Depois de começar a Liga com três vitórias nas quatro primeiras partidas, a equipa ganhou apenas dois dos últimos 16 jogos e em dezembro, os jogadores iniciaram uma greve, que causou três derrotas por falta de comparência nas rodadas seguintes. O pedido de bancarrota foi registado no dia 20 de Dezembro, com a equipa a ter uma dívida estimada em 500 e 850 mil euros.
No começo deste ano, os investidores pagaram o arrendamento do estádio e trouxeram novos jogadores para repor os atletas que saíram, mas a Lega Pro (entidade que gere a competição) impediu a solução da equipa e adiaram seis jogos seguidos, até que a suspensão fosse derrubada nos últimos dias, obrigando o Pro Piacenza a entrar em campo diante do Cuneo."

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