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sexta-feira, 23 de março de 2018

Duas semanas negras

"Atravessamos, de momento, um período triste para qualquer adepto de futebol. Se qualquer interrupção das competições de clubes já é má, uma paragem para jogos de selecções de carácter não oficial numa altura crucial das temporadas de qualquer equipa só pode ser encarada de forma negativa. As cerca de duas semanas sem futebol de clubes são e vão continuar a ser negras e exigem uma reflexão por parte das instituições que gerem o desporto-rei internacional.
Ao contrário do que é habitual, esta é uma decisão que prejudica, de forma geral, os clubes de maior dimensão e qualidade um pouco por toda a Europa. Porquê? Porque são eles que costumam chegar a Março com mais jogos realizados, com mais competições por decidir e, para 'piorar', têm os melhores jogadores, o que faz com que tenham mais ausências nas paragens internacionais. É comum ver jogadores regressarem a Portugal ou aos países dos clubes apenas um ou dois dias antes do próximo compromisso oficial, aterrando com cansaço e com os horários completamente trocados e dando enormes dores de cabeça aos respectivos treinadores.
Certo, representar o país é (ou devia ser) o ponto alto da carreira de qualquer jogador de futebol. Contudo, quem paga milhões de euros aos atletas e quem mais precisa deles nesta fase são os clubes, pelo que é algo injusto arriscar uma lesão e sobrecarregar as pernas dos jogadores por dois jogos de preparação cujo resultado pouco ou nada importa. Imaginemos que Cristiano Ronaldo se lesiona com gravidade e falha o resto da temporada, 'abandonando' o Real Madrid na Liga dos Campeões, o maior objectivo da época. Seria uma baixa muito mais pesada para o clube espanhol do que para a Selecção Nacional caso falhasse os próximos encontros. O mesmo pode ser aplicado a vários jogadores de vários clubes e de muitas selecções.
Entenda-se: isto não é, nem de perto nem de longe, um ataque à Selecção Nacional ou a qualquer outra equipa que representa um país. Percebe-se o lado dos seleccionadores - querem limar as arestas necessárias para, depois, chegarem à lista final dos jogadores que vão levar à Rússia. Por isso mesmo, Rúben Dias pode ter comprometido a ida ao Mundial com a lesão que o afastou dos jogos de preparação contra o Egipto e a Holanda, mas não quer dizer que o tenha feito; se fizer uma ponta final de excelência no Benfica, dificilmente não será chamado por Fernando Santos, que já demonstrou empatia para com o defesa. Os últimos meses de 2017/18 com a camisola do clube são muito mais importantes que os dois encontros dos próximos dias.
Arranjar outro período para encaixar estes jogos de preparação é outro problema, e ,aí, estou solidário com a FIFA e com as selecções. Mais tarde, era pior. Mais cedo, era igualmente mau. Sendo assim, seria de considerar uma maior compreensão por parte dos seleccionadores. Fernando Santos já o fez e a saída de Fábio Coentrão da convocatória é prova disso. O jogador do Sporting não apresentou qualquer lesão clínica, mas, informou a Federação Portuguesa de Futebol, estava com queixas. Estivéssemos a falar do Mundial ou de um jogo importante e Fábio Coentrão, provavelmente, não teria regressado ao clube, mas Fernando Santos teve em conta a condição física do lateral (é a temporada que mais tem jogado nos últimos anos) e o momento do Sporting (está a disputar três competições) e permitiu tal dispensa.
Resumindo, esta paragem é má para os adeptos e péssima para os clubes. Os primeiros não gostam de jogos de preparação sem interesse competitivo da Selecção Nacional e preocupam-se mais com o que fazem ou deixam de fazer os jogadores do clube que apoiam, enquanto os segundos têm o desejo que os jogadores joguem pouco ou, se possível, nada. As selecções precisam destes jogos, mas não tanto como os clubes precisam dos jogadores em condições."

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