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segunda-feira, 27 de abril de 2015

Desta vez, o 'inventor' foi outro

"Jesus jogou pelo seguro, sem dúvida, mas tudo o que fez foi bem feito, principalmente ao não abdicar da sua equipa-base.

Os treinadores querem fazer-nos crer que nunca se enganam, que tudo quanto decidem é cientificamente testado e imune a reparos. Se perdem, a responsabilidade será de algum jogador que não captou a mensagem ou do árbitro de qualidade duvidosa. Se ganham, nem é preciso aprofundar o assunto: mérito único e absoluto de quem teve a complexa empreitada de escolher a equipa e indicar-lhe o caminho do sucesso. É o que pensam, se não todos, seguramente a maioria, como escudo de protecção, talvez, tentando tornar difícil a compreensão de um jogo que fascina precisamente pela sua simplicidade.
Neste particular, Jorge Jesus tem fama e pouco proveito, na medida em que, revela-nos a experiência, da sua incontrolável tendência para interferir no que está bem ressaltam mais pecados do que virtudes. No entanto, como nunca é tarde para aprender, verdade, verdadinha que no clássico de ontem, palco convidativo a surpresa, o inventor foi outro, e pagou elevada factura por isso. Jesus jogou pelo seguro, sem dúvida, mas tudo o que fez foi bem feito, principalmente ao não abdicar da sua equipa-base, o que só por si foi sinal de inequívoca prova de confiança e de firme manifestação de força, com inevitáveis reflexos no estado de espírito do adversário.
Pode argumentar-se que Jesus não arriscou o suficiente para ganhar. Nem precisava. Assim como não alinhou em aventuras que lhe prometiam mais prejuízos do que benefícios. Quem tinha de provar alguma coisa, por ser segundo na classificação e, sobretudo, a seguir à goleada de Munique, era Lopetegui, mas, sabe-se lá por que desígnios, continuou a chapinhar no mar de equívocos em que se gaba de navegar desde que chegou a Portugal.
Inventou mais uma equipa. Liquidou o guarda-redes Fabiano, baralhou a linha de médios, retirou Óliver Torres do seu território natural e abdicou de Herrera, dos elementos mais utilizados do plantel, e de Ricardo Quaresma, o indisfarçável mal-amado. Na Alemanha foi porque teve que ser, ontem foi porque assim decidiu, e mal. Lá está, o treinador espanhol é daqueles que, ao não assumirem os fracassos, julgam que nunca se enganam..."

Fernando Guerra, in A Bola

PS: Mesmo sendo de forma enviesada - e com alguma bicadas pelo meio... -, não posso deixar de assinalar, finalmente, uma crónica do Fernando Guerra, onde indirectamente, elogia, o seu maior ódio de estimação: Jorge Jesus!!!

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