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sábado, 24 de fevereiro de 2024

Voltou a não haver balizas no estádio de Toulouse onde fomos felizes no râguebi e o Benfica agradeceu


"Após um sofrido nulo, o Benfica está nos oitavos de final da Liga Europa, mas não há como dourar a informação: os encarnados poderiam ter saído de Toulouse com uma goleada às costas, num dos piores jogos da era Roger Schmidt

Aqui há uns meses, em Toulouse, não haver balizas foi um gáudio para quinze-mais-uns-quantos garbosos rapazes portugueses, que à mão e ao pé fizeram ensaios e história, com a oval pela linha final fora, para agarrarem a primeira vitória da seleção nacional de râguebi num Mundial, frente a Fiji. E esta quinta-feira, não haver balizas foi um alívio para o Benfica, que frente ao modesto 13.º classificado da liga francesa, no mesmo sítio em que outubro fomos tão felizes, sofreu o que não se esperava que sofresse para segurar o 2-1 levado de Lisboa e qualifica-se sem brilho ou mérito ou merecimento para os oitavos de final da Liga Europa.
Não há como dourar a informação: os encarnados poderiam ter saído de Toulouse com um saco cheio de golos, com uma derrota histórica, um escândalo quase inaudito, depois de uma exibição a roçar o indigno e em que a equipa da casa desperdiçou um sem número de oportunidades claras. E quando a bola chegou enquadrada, estava lá Trubin, o único inocente numa das piores noites da era Roger Schmidt.
O alemão sabia ao que ia, pelo que nem sequer se pode dizer que o Benfica tenha ido ao engano. Na antevisão, previu uns gauleses a arriscar, à procura do golo para empatar a eliminatória. E foi a pressionar que o Toulouse entrou, aproximando-se com perigo quanto baste da baliza de Trubin, reivindicando para si a bola, com o Benfica na expectativa, à espera de uma recuperação ou uma transição onde pudesse matar a eliminatória. O tal “futebol de ataque” que Schmidt sempre promete, como ponto de honra inegociável, era apenas fogo de vista.
Ainda assim, as melhores oportunidades da 1.ª parte foram todas para os encarnados. Aos 24’, Neres esgravatou pela esquerda, cruzou atrasado para Rafa, que rematou por cima. No râguebi, seria um bom pontapé de ressalto, no futebol não conta. À passagem da meia-hora, já com o Toulouse com duas substituições feitas por lesão, o que também acalmou o ímpeto francês, Di María precisava de mais uns quantos centímetros para emendar uma tentativa de desvio de calcanhar de Tengstedt que correu mal e já nos descontos, um afoito António Silva aventurou-se rasgando a área, mas rematou ao corpo do guarda-redes Restes.
Equilibrando a tendência do jogo a meio da 1.ª parte, o Benfica não era uma equipa brilhante, mas aparentemente em controlo da situação. Aparentemente.
Porque a 2.ª parte dos encarnados foi desastrosa. Uma total inexistência de atividade na frente e lá atrás abriram-se espaços e oportunidades para o Toulouse, que até aos 68 minutos, quando Schmidt acedeu finalmente a lançar a calma de Aursnes para dentro do campo, bombardeou sem misericórdia a baliza encarnada, com o Benfica absolutamente incapaz de chamar o jogo para si, de controlar o meio-campo, de impôr-se como o claro favorito que deveria ser.
Os lances sucederam-se. Aos 47’, Sierro rematou após jogada pelo lado esquerdo da defesa do Benfica, onde Carreras conseguiu fazer pior que Morato - o que é obra. Trubin defendeu. Aos 55’, Spierings entrou de rompante pela área após uma bela jogada de Donnum, que deixou Otamendi e Rafa nas covas, cabeceando a rasar o poste. Cinco minutos depois foi Nicolaisen, de cabeça, a ficar muito perto do golo após canto e aos 65’, o avançado Dallinga rematou ao poste. Aos 66’, estava lá Trubin num primeiro remate à queima de Spierings, com Nicolaisen, na sequência, a rematar novamente muito perto do golo.
Da parte do Benfica, nada. Em meia hora de bombardeamento contínuo não houve uma solução, uma mudança, uma atitude vinda do banco. A entrada de Aursnes, não mudando a história do jogo, permitiu ao Benfica, pelo menos, respirar um pouco na defesa, antes de nova ofensiva dos franceses nos últimos minutos, com Sierro a voltar a ter nos pés o golo que empataria - justamente - a eliminatória, com Trubin mais uma vez atento, que nem soldado sozinho e desamparado, mas ainda assim heróico, não deixando a sua equipa cair.
O que não teria sido uma surpresa, tal o nível abismal apresentado pelo Benfica ao longo de boa parte do encontro, sem coesão, perdido no meio-campo. A saída de Tengstedt e entrada de Arthur Cabral acabou com qualquer ideia de pressão na primeira fase de ataque do Toulouse, uma equipa modesta e sem recursos abundantes, mas que com pouco conseguiu vulgarizar um Benfica que, aparentemente, ficou em Lisboa. Na sexta-feira estará no sorteio para os oitavos de final da Liga Europa, de olhos no chão."

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