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quarta-feira, 31 de maio de 2023

Basquetebol feminino | O que faltou?


"A época da equipa de basquetebol feminino do Sport Lisboa e Benfica já chegou ao fim e infelizmente, a equipa orientada por Eugénio Rodrigues não foi capaz de dar continuidade ao seu ciclo de conquistas, perdendo a final da Taça de Portugal para a equipa da Quinta dos Lombos e falhando a revalidação do título perante a equipa do GDESSA.
E agora que a época acabou, devo reiterar que mantenho plena confiança nesta estrutura, neste projecto e nesta e nesta equipa técnica. No entanto, é preciso analisar as circunstâncias e tentar perceber quais os motivos que fizeram com que a época acabasse mal.
Nesta temporada, o Benfica contou com quatro jogadoras estrangeiras no seu plantel, sendo que só podia convocar três por jogo. Quem acompanha esta equipa sabe do nível diferenciado que a internacional brasileira Raphaella Monteiro apresenta e sem surpresa, esta voltou a ser a jogadora que mais se destacou.
Porém, o nível das jogadoras estrangeiras contratadas nesta época não foi suficiente para acompanhar a internacional brasileira, ou seja, estas não fizeram a diferença que se esperava. A extremo Darien Huff foi uma jogadora já com experiência no basquetebol europeu e que mostrou boas percentagens de lançamento (38,1% de eficácia nos triplos), mas teve apenas uma média de 7,9 pontos no campeonato, uma média curta para uma jogadora que se esperava ser uma das referências ofensivas da equipa.
A meio da época seria contratada a internacional bósnia Dragana Zubac, mas uma lesão contraída ao serviço da selecção impediu-a de mostrar o seu melhor nível, realizando apenas cinco jogos no campeonato (com média de 9,4 pontos).
Na minha opinião, a diferença esteve acima de tudo no garrafão. O Benfica contratou duas postes nesta temporada. A croata Katarina Trehub pouco contou para a equipa e acabaria por sair a meio da época. Já a norte-americana Courtney Warley foi a poste titular ao longo da temporada, terminando a época com uma média de 10 pontos 6,6 ressaltos.
Utilizando como ponto de comparação, a argentina Candela Gentinetta, poste que jogou no Benfica a época passada teve média de 7,9 ressaltos. Enquanto a norte-americana Japonica James, que jogou no Benfica em 20/21 (sendo MVP das finais), teve médias de 17,6 pontos e 7,7 ressaltos.
Na minha opinião, a diferença passou por aqui. A equipa do GDESSA é liderada em campo pelas internacionais portuguesas Márcia Robalo e Maianca Umbano, mas teve como seu principal trunfo a poste Kamilah Jackson. A norte-americana regressou ao GDESSA a meio da temporada e registou uma média de 11,6 ressaltos.
A poste é uma jogadora que, embora denote algumas limitações técnicas, apresenta um poderio físico que faz toda a diferença no Campeonato Português de Basquetebol que que dá a força no garrafão necessária nestes jogos de nível mais elevado. E a diferença nos números das postes de ambas as equipas nas finais explica muita coisa acerca do desfecho desta final.
As novidades ainda deverão demorar um pouco a surgir, mas fazendo um balanço geral do plantel, creio que a não haver saídas, não serão necessárias grandes mexidas no plantel nas posições 1 e 2, onde temos três internacionais portuguesas do melhor que há no nosso campeonato: Joana Soeiro, Marta Martins e Ana Carolina Rodrigues.
Já nas posições 3 e 4, creio que será necessário acrescentar qualidade e profundidade. A saída de Laura Ferreira deixou a equipa carente de uma jogadora que seja uma especialista a defender no perímetro, capaz de anular jogadoras com grande capacidade no lançamento exterior. Para além disso, para uma jogadora com a qualidade da Raphaella Monteiro, não será difícil atrair clubes interessados no estrangeiro.
Na posição de poste, a equipa de basquetebol está bem servida na rotação com as portuguesas Joana Alves e Carolina Cruz. Mas para ser a poste titular, a equipa necessita de uma jogadora fisicamente imponente e que tenha o poder no garrafão necessário para elevar a equipa a outro patamar."

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