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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

O que se passa no Porto Canal?


"Esta história começou a 10 de Fevereiro de 2023. Na sua página no Facebook, o Porto Canal publica uma fotografia do comentador desportivo Rui Santos (CNN) acompanhado da sua companheira e da filha desta, assim como da informação de qual era o restaurante de que a mesma é proprietária.
O momento não era, de todo, inocente. O comentador desportivo Rui Santos tinha, no seu programa na CNN, tecido duras críticas a uma arbitragem de um jogo do FC Porto e, mais tarde, opinado de forma polémica sobre o treinador do clube, Sérgio Conceição. O somatório dessas duas intervenções provocara um enorme mal estar dentro do clube e a ira nas redes sociais de inúmeros adeptos do FC Porto, inclusive de alguns que pertencem ao blogue Aventar. O futebol, como se sabe, é gerador de paixões e de alguma irracionalidade provocando, inúmeras vezes, situações violentas. O Porto Canal, ao publicar qual era o restaurante da companheira de Rui Santos, ainda para mais sendo um conhecido local da cidade do Porto sabia ou, pelo menos, deveria saber as repercussões que poderiam advir de tal decisão “editorial”. E o óbvio aconteceu: ameaças de morte por telefone e nas redes sociais ao ponto de a companheira de Rui Santos e a sua família mais chegada estarem a receber protecção policial e, segundo apurou o Aventar, a Polícia Judiciária e o Ministério Público estarem a investigar toda esta situação. Não será preciso sublinhar o terror que tem sido para estes cidadãos e quem conhece o universo que rodeia o futebol, facilmente perceberá o porquê.
Passados alguns dias, no seu programa televisivo, Rui Santos denunciou a situação que estava a ser vivida pela sua companheira e respectiva família. Após a denúncia pública na CNN, entendeu o Conselho de Redacção do Porto Canal emitir um comunicado público sobre o assunto:

“Enquanto jornalistas, portadores de carteira profissional e cientes e zelosos de cumprir o Código Deontológico dos Jornalistas, repudiamos por completo o facto de conteúdos que não obedeçam às regras mais básicas do jornalismo serem publicados nos meios informativos que a estrutura azul e branca detém. Demarcamo-nos da publicação em causa e assumiremos publicamente essa posição”

A posição do Conselho de Redacção do Porto Canal, ao que o Aventar apurou, criou enorme polémica e desconforto dentro de parte da estrutura do FC Porto. Ao demarcarem-se da referida publicação deram a conhecer que a mesma não foi nem produzida nem publicada por jornalistas da casa. Segundo as nossas fontes, alegadamente, a publicação foi da responsabilidade da direcção de conteúdos do FC Porto (liderada por Diogo Faria) e pela direcção de conteúdos digitais do clube que gere, também, as redes sociais e o site do canal (direcção liderada por Pedro Bragança). Ora, ainda mais recentemente, boa parte dos órgãos de comunicação social portugueses e, também, o Aventar receberam um comunicado “anónimo” da autoria de jornalistas do Porto Canal. Após a leitura do mesmo e atendendo à gravidade do exposto, o Aventar procurou saber da veracidade dos factos relatados e iniciou um processo de investigação. Aqui chegados, cumpre sublinhar que o Aventar não é um órgão de comunicação social. Mesmo assim, tivemos todos os cuidados necessários e que em nosso entender eram devidos a uma situação desta gravidade: foi enviado um email ao Porto Canal e ao cuidado tanto de Diogo Faria como de Pedro Bragança, informando-os das respectivas denúncias e dando a oportunidade de responderem e se defenderem, informando-os que o Aventar iria publicar este artigo a 21 ou 22 de Fevereiro e que para tal poderiam responder para o nosso email até às 23h59 de segunda-feira 20 de Fevereiro. Ao mesmo tempo, o Aventar auscultou inúmeras fontes.
Então quais são as denúncias de alguns jornalistas do Porto Canal? Que na sequência do comunicado, membros do conselho de redacção foram punidos pelos seus superiores sendo-lhes proibido sair em reportagem. Foram punidos, alegadamente, pelos directores Diogo Faria e Pedro Bragança. Além disso, denunciaram que, alegadamente, os castigos são uma constante nas duas redacções e já levaram ao despedimento ou saídas coercivas de diversos jornalistas. Ao que o Aventar apurou e num comportamento similar ao que está a acontecer com a companheira de Rui Santos (e o próprio), estes jornalistas e as suas famílias, alegadamente, estão a ser ameaçados ao ponto de alguns terem tirado os filhos das respectivas escolas por medo. Um clima de terror.
O Aventar não foi o único a receber estas denúncias. Ao que apuramos, as mesmas foram enviadas para os diferentes órgãos de comunicação social. Aliás, nesse comunicado é sublinhado um pedido de ajuda aos seus colegas jornalistas para denunciarem o que lhes está a acontecer:

“Caros colegas, Na sequência do comunicado que foi ontem emitido pelo Conselho de Redação do Porto Canal, colegas que integram o organismo foram punidos pelos seus superiores. Estão proibidos de sair em reportagem. A decisão foi tomada pelos directores Diogo Faria (conteúdos FC Porto) e Pedro Bragança (conteúdos digitais, site e redes sociais do canal). Os castigos são uma constante nas duas redações e já levaram ao despedimento ou saídas coercivas de diversos jornalistas. Estas atitudes envergonham o jornalismo e denigrem o bom nome das duas instituições: Futebol Clube do Porto e Porto Canal. Os jornalistas das três redações que existem actualmente no âmbito do clube estão solidários com os seus colegas e não permitirão que estas práticas e os seus percursores se mantenham activos. Estão dispostos a levar os casos até às mais altas instâncias que regulam a comunicação social em Portugal e pedem a todos os colegas de profissão que nos apoiem divulgando o que está a suceder. Peço que considerem toda esta informação como sendo proveniente de fonte anónima. A protecção é fundamental para evitar mais represálias”.

Por sua vez, o visado Diogo Faria, director de conteúdos do FC Porto, após envio de comunicação pela parte do Aventar a solicitar um esclarecimento aos factos de que é acusado, fez-nos chegar o seguinte esclarecimento:

“O que me é imputado na mensagem anexada ao email que enviaram para o Porto Canal (as denúncias internas recebidas pelo Aventar e pelos diferentes OCS) é falso. Sou superior hierárquico de um dos membros eleitos do Conselho de Redação, o jornalista xxxxxx, e não o puni na sequência do comunicado da passada sexta-feira, como nunca o puni em qualquer ocasião. Se tiverem alguma questão sobre a minha relação com os jornalistas que dirijo, sugiro que os contactem diretamente. São, também, falsas as imputações de que os castigos “são uma constante” na redação que dirijo e que já conduziram ao despedimento ou à saída coerciva de jornalistas. Isso não aconteceu uma única vez”. – Diogo Faria.

E, igualmente, Pedro Bragança, director de conteúdos digitais, site e redes sociais do canal, enviou-nos a seguinte resposta:

"1 – Duas das jornalistas que compõem o conselho de redação do Porto Canal são provenientes do departamento sob a minha direção;
2 – As imputações que me são feitas nas mensagens por vós reproduzidas anonimamente são falsas;
3 – Nenhuma alteração à agenda foi produzida por mim ou pelos coordenadores da minha equipa na sequência do comunicado dos membros eleitos do Conselho de Redação, na passada sexta-feira;
4 – Para esta semana e para as próximas, a xxxxx(jornalista) tem em mãos uma importante reportagem relativa à história do consumo de droga na cidade do Porto;
5 – No âmbito dessa reportagem, estão marcados em agenda diversos serviços de reportagem;
6 – Também a xxxxxx (jornalista) está, como tem estado e continuará a estar, envolvida em reportagens importantes para a grelha digital do Porto Canal, que continuarão a ser emitidas nas mais diversas plataformas;
7 – Daí se deduz serem não só falsas como injuriosas tais imputações;
8 – Na minha equipa, como no Porto Canal, não há nem nunca houve castigos ou saídas coercivas"; – Pedro Bragança

O Aventar não se limitou a ouvir os visados. Tivemos o cuidado de conversar com diversas fontes ligadas. Entre o desconforto e a revolta foi notório, em todos, o medo. O medo que os levou a exigir anonimato e alguns a aconselhar ficarmos em silêncio: “as ameaças de porrada, as ameaças de morte, esperas junto às escolas dos filhos, junto aos estabelecimentos comerciais de quem ousa falar/criticar, vocês não sabem o que vos espera, tenham cuidado e pensem bem se vale a pena o risco”. Ora, o Porto não é Palermo e temos a certeza que as autoridades competentes estão a investigar tudo isto. O Aventar fez a sua parte, com o máximo cuidado ouvindo todas as partes e em especial os dois visados e, recordando, não somos um órgão de comunicação social. Agora cabe, a quem de direito, investigar e retirar as devidas ilações."

2 comentários:

  1. "o Porto não é Palermo", dizem. Não mesmo?

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  2. É só merda o que escrevem. Inde morder são João nos quilhões.

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