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quinta-feira, 18 de agosto de 2022

A chama da estupidez


"O futebol português tem um gravíssimo problema para resolver. Um ato recorrente que mancha os espetáculos nos diversos estádios pelo país afora. Um mal digno de discussões profundas e revolta generalizada das principais entidades esportivas.
Poderíamos estar falando de racismo. Deveríamos, inclusive, estar falando de racismo. Mas trata-se de pirotecnia. Sim, pirotecnia. Pelo menos é assim que o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol e também a Liga Portuguesa de Futebol costumam pensar.
Na visão de alguns dirigentes, o vergonhoso cálculo é simples: os insultos racistas sofridos por Sandro Cruz na temporada passada valem quatro vezes menos (850 euros para o Rio Ave) do que arremessos de artefatos pirotécnicos num jogo da primeira divisão (3570 euros para o Sporting).
As prioridades estão muito bem definidas. Não foi o próprio Pedro Proença a dizer recentemente que «devemos refletir sobre a facilidade como a pirotecnia entra nos estádios»? Depois, se houver tempo, refletimos sobre a facilidade como se persegue jogadores pretos nos mesmos estádios.
Não aprendemos praticamente nada com o que aconteceu com Moussa Marega. Tampouco com Alcindo Monteiro. Com Wilson Neto. Com Giovani Rodrigues. Com Bruno Candé. Para não falar de George Floyd e tantos outros.
Confeccionar camisas com «Racismo Não» e prestar homenagens de um minuto de silêncio é muito fácil. Difícil mesmo é aprender com os erros do passado e, especialmente, mudar uma mentalidade racista, homofóbica e xenófoba.
A pirotecnia fere e pode matar. O racismo aniquila."

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