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terça-feira, 19 de abril de 2022

Correr por paixão


"As imagens correram Mundo por boa razão. Largos minutos após o final da eliminatória contra o Liverpool, os adeptos benfiquistas continuavam incansáveis nas bancadas, demonstrando a paixão da massa associativa do maior clube português. A comunhão entre jogadores e adeptos depois de 90 minutos de apoio fervoroso, que se repetiu depois da vitória em Alvalade no domingo, lembrou-nos que um clube de futebol não é uma simples empresa. Ganhando ou perdendo, faça chuva ou faça sol, um clube existe graças aos seus adeptos, que, no caso do Benfica, confiam a gestão dos seus interesses a uma direcção democraticamente eleita conforme ditam os estatutos do clube.
Um mês depois da tão entrega da tão afamada proposta de revisão estatutária à Direcção do Benfica, é revelador o silêncio à volta deste assunto essencial para o futuro do clube. Neste momento, pouco se sabe para além de medidas avulsas como uma nova ponderação do número de votos por antiguidade dos associados ou a alegada renumeração dos órgãos sociais do clube, uma medida catastrófica que pode abrir a porta à perda da maioria do clube na SAD.
Uma direcção do Benfica tem como função representar os seus associados, defender os seus interesses e lutar para assegurar o seu principal objectivo: vencer. Representar os sócios é uma honra e um privilégio. Nunca deveria ser uma forma de salário.
Neste momento, a Direcção do Benfica responde exclusivamente perante os associados do clube. Mas se quem for para os órgãos sociais tiver uma agenda financeira, como poderemos garantir que assim continua a ser? Como poderemos garantir a independência dos nossos representantes? No fim de contas, como poderemos impedir que simplesmente aceitem trabalhar para o investidor que pague mais?
Por alguma razão os estatutos do Benfica sempre se opuseram a esta medida. Romper com a tradição centenária do clube seria um erro com consequências potencialmente drásticas. Ser dirigente do Benfica não é emprego pois o sucesso não se mede pelos cifrões nos bolsos. Mede-se pelos decibéis nos gritos dos adeptos. Pelo Benfica, não corremos por dinheiro. Corremos por paixão."

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