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sexta-feira, 11 de março de 2022

Obrigatório o uso de capacete


"«Pedras no meu caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo.»
Sim, mas quando? Daqui a um ano? Daqui a dez? Já encontrou um terreno? Já tem o projeto de arquitetura? Já deu entrada com o plano de informação prévia à Câmara Municipal?
Não, claro que não. O português não seria português se não deixasse tudo para depois. «Um dia», dizem. Ignorando, por exemplo, que se o terreno ficar no concelho da Amadora o melhor é contar com não menos de dois anos pela licença de construção. Tratando-se de um castelo, que para todos os efeitos é um tipo de obra que já teve mais saída, é provável que as licenças demorem mais.
Por essas e por outras é que na Batalha há um edifício que demorou quase dois séculos a ser construído.
Mas enfim, está tudo bem, não há problema, temos tempo. É preciso é ter paciência.
A não ser que estejamos a falar de João Félix ou de vitamina D. Aí queremos tudo para ontem e não temos paciência para esperar por nada.
João Félix, por exemplo. Fez há pouco 22 anos. Com a idade dele Luís Figo ainda estava no Sporting, Zidane ainda jogava no Bordéus e Ronaldinho tentava ganhar um lugar no PSG.
Mas a João Félix exige-se o mundo. Ou, pelo menos, parte dele. Como que se não houvesse tempo, como se não merecesse a nossa paciência. Condicionado por um preço tremendamente inflacionado e que refletia mais o que podia vir a ser, do que propriamente o que já era, o internacional português tornou-se num alvo fácil de uma urgência nada portuguesa.
Tem de fazer tudo já, agora, neste instante.
A verdade é que ele, como a vitamina D ou as licenças de construção, precisa de tempo: tempo para aprender a fazer a diferença num contexto difícil, e diferente do que ele conhecia no Benfica.
A verdade é que pouco a pouco, etapa a etapa, João Félix vai fazendo o caminho até ao topo. As últimas exibições mostraram que já se adapta melhor a circunstâncias mais exigentes.
E isso é o mais importante: trabalhar em cima das pedras que encontra no caminho."

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