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domingo, 20 de fevereiro de 2022

«O FC Porto é uma coisa patriótica» - Rui Moreira, 19 de fevereiro 2022 em entrevista ao “Público”


"Entre uma panóplia de demagogias bacocas a roçar as parvoíces do costume, com a típica conversa do centralismo e da falta de representação do Norte nas altas instâncias do país, estas palavras em específico do presidente da Câmara do Porto nem poderiam ser diferentes. Tal afirmação representa na perfeição a promiscuidade política e desportiva do FC Porto e os seus tentáculos. Importa, por isso, olhar com atenção os nomes do Conselho Superior do FC Porto para entender a que tipo de “patriotismo” Rui Moreira se refere, desconstruindo por completo esta narrativa que os tentáculos do FC Porto tentam incutir.
Eis a constituição do Conselho Superior do FC Porto: Rui Moreira, Felisberto Querido, Eduardo Vítor Rodrigues, Luís Montenegro, Pedro Marques Lopes, Jorge Filipe Correia, Manuel Macedo, Manuel Pizarro, António Bragança Fernandes, Fernando Cerqueira, Deocleciano Carvalho, Tiago Barbosa Ribeiro, Raúl Peixoto, Luís Artur Ribeiro Pereira, António José Sousa Magalhães, Jorge Cernadas, Matilde Passos Ribeiro, Nuno Cardoso, Manuel Ferreira da Silva e José Barbosa Moto.
Se alguns nomes são perfeitos desconhecidos e anónimos, outros há que têm, tiveram, ou poderão vir a ter papel de relevo em diversos quadrantes.
• Rui Moreira (ou “Fui” Moreira) - Para muitos o sucessor de Pinto da Costa, que desde há muito o suporta no panorama político e desportivo. «Rui Moreira seria um fantástico presidente da Câmara do Porto», em 2010; «Se Rui Moreira fosse candidato, eu não avançava», em 2020. Ficou conhecido como comentador desportivo e protagonizou uma saída abrupta de um programa do Trio de Ataque quando acareado com o Apito Dourado e suas escutas. Naturalmente, não conseguiu lidar com a realidade. Fugiu como um rato, à imagem do que é característico do clube com que simpatiza. Já o seu dirigente máximo havia fugido para Vigo quando confrontado com as buscas no Apito Dourado. É atualmente presidente da CM do Porto. Não obstante ainda não ser presidente do FC Porto, Rui Moreira já trabalha oficiosamente como tal em certas matérias. Está encarregue da concretização da Academia do FC Porto, um sonho do seu presidente. É de conhecimento público (o que torna tudo ainda mais vergonhoso) que já reuniu com colegas autarcas para discutir assuntos relacionados com a construção da academia. Certamente que será mais um projeto “à FC Porto”, como foi o Centro de Estágios do Olival.
Que achará o Boavista, o Salgueiros e outros históricos clubes do Porto desta intromissão do presidente da CM no FC Porto? Foram ouvidos? Foram considerados? Foram respeitados? Que se diria se esta promiscuidade acontecesse em Lisboa?
De 1990 até agora, a CM do Porto foi sempre presidida por alguém intimamente ligado ao FC Porto, direta ou indiretamente. Rui Rio foi a exceção, entre 2002 e 2013. E porquê? Porque alegadamente não punha o desporto como prioridade máxima, algo que Pinto da Costa não aceitava, tendo-o inclusive considerado persona non grata, e impedindo-o mesmo de entrar nas instalações do clube em várias ocasiões. Além do mais, Rui Rio reconhecia na altura do Plano de Pormenor das Antas que a CM Porto não tinha os meios necessários para comparticipar no projeto, algo que constituiria mais uma afronta para Pinto da Costa, tendo a sem vergonha de dizer que «Rui Rio não tinha capacidade para gerir um quiosque».
Analisando o concelho vizinho, Vila Nova de Gaia, constatamos mais curiosidades. Eduardo Vítor Rodrigues foi eleito em 2013 como Presidente da Câmara e foi, inclusive, convidado a integrar a SAD portista, algo que não se concretizaria. Eduardo Vítor Rodrigues sucedeu a Luís Filipe Menezes, que estava no cargo há 16 anos. Neste período, ofereceu o Centro de Estágios do Olival ao FC Porto, num dos negócios mais escabrosos e que mais lesaram o erário público. No período mais atribulado em torno do Plano de Pormenor das Antas, Luís Filipe Menezes ofereceu-se a recebeu o projeto em Gaia. Grande amigo!
• Bragança Fernandes - Passou de vice para Presidente da CM da Maia em 2002, tendo lá ficado até 2017. Desempenhou vários cargos no FC Porto.
• Nuno Cardoso - Presidente da CM do Porto pelo PS entre 1999 e 2002, sucedendo na altura a Fernando Gomes que é, atualmente, vice-presidente do FC Porto para a área financeira. Este foi o responsável pela dimensão assumida pelo Plano de Pormenor das Antas, o qual levava a cabo uma intervenção urbana que o próprio considera «só ter paralelo com o que aconteceu nos anos 50, quando foi desenhada a Avenida dos Aliados». Ora, na sequência deste processo, Nuno Cardoso terá lesado deliberadamente a autarquia em favorecimento do FC Porto, tendo o Ministério Público concluído que os cofres municipais foram prejudicados em 2,5 milhões de euros. Mais, na altura, ao mesmo tempo que exercia funções autárquicas, Nuno Cardoso detinha um cargo no Conselho Consultivo da SAD portista. Em 2000 havia sido distinguido como sócio do ano, nos Dragões de Ouro. Obviamente que é má-fé acusar Nuno Cardoso de conflito de interesses...
• Luís Montenegro - Mais um político. Destacar que perdeu as eleições do PSD para Rui Rio, sendo este último um dos “ódios” de estimação de Pinto da Costa, visto não ter alinhado nos seus egos, como por exemplo Nuno Cardoso. Na sua atividade política, Luís Montenegro é suspeito de ter falsificado documentos que serviam de prova à forma de como e de quanto pagou no que concerne às viagens que fez a França para assistir a jogos do Euro 2016.
• Tiago Barbosa Ribeiro - Entre 2018 e 2020 exerceu o cargo de Presidente da Mesa da Comissão Política Concelhia do PS Porto. Desde cedo tem um registo sujo, destacando-se a suspeita dos crimes de falsificação de documentos no preenchimento de fichas de filiação no partido na concelhia de Coimbra. Fez um acordo para que o caso não prosseguisse para julgamento. Assunção de culpa. Mas Tiago Barbosa Ribeiro ganhou mediatismo após se ter descoberto que fazia parte de uma rede montada pelo FC Porto para atacar o SL Benfica, no famigerado e vazio de conteúdo caso dos emails. Personagem ligada a, por exemplo, Pedro Bragança. Tiago Barbosa Ribeiro tem aqui um prémio de carreira (ainda curta) e certamente pode aspirar a voos mais altos.
• Pedro Marques Lopes - O melhor especialista de tudo e de coisa alguma - do futebol à política, do cinema à música. Já distinguido como Sócio do Ano, tem como modo de vida, além de opinar sobre tudo, atacar o SL Benfica. Foi e é também um peão do FC Porto na sua estratégia de comunicação. Um caso de “gratidão, admiração e amizade eternas”.

Por tudo isto, é caso para perguntar a Rui Moreira para onde o famoso centralismo se deslocou. O FC Porto controla politicamente e a seu bel-prazer os municípios do Porto, Gaia, Maia e Gondomar e joga os nomes em ambos os tabuleiros, político e desportivo, como se pode constatar na influência desportiva da AF Porto e do seu presidente, J. Lourenço Pinto. O ‘modus operandi’ habitual é começar num dos tabuleiros e, mais tarde, passar para o outro, chegando ao desplante de haver gente sem qualquer noção a acumular funções, apenas pela promiscuidade política e desportiva.
Recordam-se quando um ministro das finanças foi convidado a estar na tribuna com o filho num jogo do Estádio da Luz? Instaurou-se a revolta a nível nacional e a Cofina e outros grupos de comunicação desataram a berrar aos céus sobre o escândalo que era ter um político na tribuna de um estádio. Passados poucos dias, o Ministério Público fazia buscas ao ministro. O caso, como é lógico, foi rapidamente arquivado por não haver absolutamente nada de relevante, contudo, as suspeitas sobre o Benfica foram lançadas para a praça pública e tentaram, a todo o custo, sujar o bom-nome da instituição. O objetivo sempre foi o mesmo, manipular as massas ao julgamento público de algo que não tem qualquer relevância criminal. Rui Moreira apareceu meses depois em plena tribuna do Estádio do Dragão. Sabem o que aconteceu? Nada. Rigorosamente nada. O caso foi encarado com toda a normalidade e não se ouviu um pio da comunicação social ou Ministério Público. É este o patriotismo do FC Porto a que Rui Moreira se refere. É esta a instrumentalização do Ministério Público que está à vista de todos.
De um lado temos o Ministério Público que se diverte a promover, de forma inqualificável, um linchamento mediático ao Benfica ao permitir que escutas sem qualquer relevância pública sejam divulgadas na imprensa e fazendo buscas por tudo e por nada. De facto, as buscas são tão recorrentes que o Benfica deveria oferecer redpass aos inspetores. Do outro lado vemos três juízes do Tribunal de Instrução Criminal do Porto recusar participar nas buscas ao universo do FC Porto. Há um ditado popular que diz: “amigos, amigos, negócios à parte!”, que é como quem diz, não devemos misturar a amizade com os negócios. Um juiz ao pedir escusa por razões de amizade está a assumir incapacidade de ser emocionalmente independente, e, como tal, de ser competente. Isto devia ser o quanto bastasse para essa pessoa deixar de ser juiz. Sucintamente, por ser amigo recusa-se a fazer o seu trabalho. Tem esse direito, mas não devia ter o direito de manter o seu posto de trabalho.
A instrumentalização do Ministério Público contra o Benfica e em proteção do FC Porto é deveras evidente, por mais que a comunicação social manietada, comprada e silenciada pelo poder esmagador da Camorra de Contumil a tente escamotear.
Não há outro clube ou empresa em Portugal – e possivelmente no mundo – que tenha visto todas as suas comunicações expostas à análise e interpretação de quem as quisessem fazer. E quem o quis fazer, certamente não teve dificuldade em extrair criteriosamente conversas que, no seu entender, condenem moralmente os envolvidos ao ponto de influenciar e manipular a opinião pública, fomentando o julgamento mediático.
O único desiderato desse processo foi massacrar o SL Benfica, classificando-o como um clube envolvido em esquemas de corrupção financeira, de desvios de dinheiro e más práticas de gestão do qual todos os envolvidos, mesmo que apenas por ordem de relação com os visados, passam a ser vistos como cúmplices. Porém, passados cinco anos deste os famigerados e-mails, nenhuma acusação. E a constatação, hoje cada vez mais inequívoca, de que o SL Benfica é o mais limpo de um futebol português sujo.
A cidade do Porto é uma espécie de enclave. Um pequeno estado autónomo envolvido por outro onde o aparelho judicial é controlado por um clube de futebol. Os juízes e os magistrados do Ministério Público são convidados para as tribunas de honra e viajam com as comitivas – retribuem partilhando informações e recusando participar em buscas. Os agentes da autoridade, em troca de proteção, fecham os olhos aos crimes praticados pela claque oficial do clube, um braço armado que ameaça árbitros, dirigentes, famílias e jornalistas.
Controlam todo o futebol em Portugal. Conseguiram meter o poder no Norte e encher a Liga e FPF de portistas. Controlam a arbitragem através da classificação de árbitros, promovendo a internacional quem serve os seus intentos. Instalaram a cultura do medo e opressão no Centro de Treinos de Árbitros, na Maia. Quando interessa, para os jogos dos rivais apenas são nomeados árbitros formados na AF Porto ou totalmente alinhados com o clube. Controlam a Unilabs, que faz os testes de Covid-19 para a Liga, que tem como Diretor Executivo de Operações Sérgio Gomes da Silva, filho de Fernando Gomes (presidente da FPF), e tem como Chefe Executivo Luís Menezes, adepto confesso do FC Porto, filho de Luís Filipe Menezes, ex-presidente da Câmara Municipal de Gaia e principal responsável pelo escândalo do financiamento do centro de estágio do Olival a favor do FC Porto.
Controlam tudo, e às claras. Estamos conversados quanto à questão do patriotismo do FC Porto."

5 comentários:

  1. E que espera o Benfica para sair desta estrumeira a que chamam liga e tentar rumar, se possível, para outra? Espanha é aqui já ao lado, talvez se devesse pensar na hipótese. Este país está a ficar apodrecido, infelizmente já não sou novo e soubera eu o que sei hoje e seria provavelmente cidadão doutro país, nem que fosse só por uma questão de higiene.

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    1. Limpemos o clube da escumalha submissa que nos envergonha e só assim seria possível fazer renascer o Benfica nos seus princípios fundadores.
      E ter força para denunciar e atacar a Camorra portista.

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  2. Peço desculpa pela crueza mas estas pessoas que clamam pela ida para outra liga ou para simplesmente voltar as costas a esta são um pouco tontas.
    Talvez uma superliga europeia justificasse colocar lá a equipa principal.

    Mas pela forma como o futebol está organizado, Associações Regionais, Federações Nacionais, União de Federações Europeia e finalmente FIFA, dificilmente o Benfica, ou qualquer outro clube se impõe contra a lógica organizativa vigente.

    Agora, uma posição de denúncia e contestação interna é imperativa, mas tem de ser inteligente, porque já se viu que quando alguém do Benfica ousa levantar a voz, vêm logo os castigos e suspensões e multas, mais depressa do que o Taremi demora a cair na área, ou o Palhinha a ver um amarelo perdoado.

    A única forma de o Benfica conseguir vencer isto é por um lado deixar a justiça seguir o seu caminho, já que aí tem sido sistematicamente vencedor - mesmo que alguns protagonistas tenham pecado, até ver não implicaram o clube - e é claro construir equipas fortes, competitivas e ganhadoras, acertando nos treinadores, scouting e formação como já fez num passado recente.

    Até parece que já não ninguém se lembra do Tetra. E sobretudo não se lembram que o Porto esteve 3 anos sem ganhar nada, zero, e que isso é o verdadeiro motivo do ambiente que se vive hoje em dia.

    Mas o Benfica só é tão forte quanto os benfiquistas unidos. Divididos e quezilentos ficamos demasiados parecidos com o Sporting, o que seria lamentável.

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  3. E que tal depois de traduzido em várias línguas, publicar este artigo em vários Órgãos de Comunicação Social?

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