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terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Louça, café e vinho sobre a mesa


"Os presentes trocados entre o Újpest e o Benfica, acabado de se apurar para nova fase da Taça dos Clubes Campeões Europeus

Em 30 de Novembro de 1960, na Hungria, o Úpjest teve uma vitória agridoce sobre o Benfica, por 2-1, pois os encarnados tinham alcançado, no dia 6, em Lisboa, um triunfo expressivo (6-2), mais do que suficiente para colmatar o deslize em Budapeste.
No final do dia, os húngaros oferecem um banquete no Grande Hotel, situado numa ilha fluvial no Danúbio, a Ilha Margarida, em Budapeste. Nele se hospedavam os benfiquistas, à excepção de Béla Guttmann, que se encontrava em Viena, por questões políticas, evitando o seu país natal.
O jantar, presidido pelo delegado da UEFA, teve na mesa de honra os dirigentes encarnados e os do Úpjest. Nos restantes lugares distribuíam-se os árbitros suíços, que dirigiam a partida, e os jogadores efetivos e os suplentes de ambas as equipas.
O primeiro a discursar foi Sandor Csáki, presidente do clube húngaro. Desejou as maiores felicidades ao Benfica, saudou a qualificação para os quartos de final e teceu rasgados elogios à equipa. Fez também votos para que as equipas se reencontrassem no futuro, em campo.
Findo o seu discurso, foi sucedido no uso da palavra por Fernando Caseiro, vogal dos assuntos administrativos da Direcção, tendo como intérprete uma 'simpatia jovem espanhola'.
Na troca de presentes, Csáki entregou uma 'bela estatueta, de louça', representando um soldado magiar, uma águia, também de louça, e 'curiosas caixas, ainda de louça, para os demais dirigentes benfiquistas que ali se encontravam e para os elementos de toda a caravana oficial'.
Reciprocamente, ao presidente do Úpjest foi oferecida uma águia de bronze e, aos demais directores magiares, garrafas de vinho do Porto, pacotes de café, conservas e pequenas flâmulas do Benfica. Também os árbitros levaram pacotes de café e flâmulas para casa.
Os jogadores encarnados, um por um, foram entregar ao seu correspondente húngaro um pacote de café e fotografias coloridas da formação que disputou o último jogo do Campeonato Nacional de 1959/60.
Estes banquetes, embora de caráter protocolar, não deixam de mostrar que o desporto é uma das melhores formas de o humano interagir, quer social, quer culturalmente.
Conheça outras trocas de presentes com equipas estrangeiras na área 26 - Benfica Universal, no Museu Benfica - Cosme Damião."

Pedro S. Amorim, in O Benfica

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