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sábado, 27 de novembro de 2021

Crónica de um Benfiquista em Barcelona


""Pá, não queres ir a Barcelona?"
A pergunta surgiu às 3h da manhã num bar em Alfama. Era a noite das eleições do Benfica e tínhamos escolhido aquele local para aguardar os resultados do processo eleitoral entre cerveja e amigos. Sem hesitar respondi logo que sim. Não sabia pormenores, valores ou disponibilidade de datas. Sabia sim que queria ir, claro que queria ir. Naquela noite ficou decidido que ia acompanhar o Benfica ao estrangeiro pela primeira vez.
As semanas seguintes foram feitas a preparar os pormenores. Liderados por um veterano destas andanças (esta ida a Barcelona foi o seu 28º away a jogos do Benfica!!), descobriu-se a preços baixos o plano de viagem: Avião até Barcelona na 2* feira e na 4ª regresso de comboio para Madrid e daí novo avião de volta à capital Portuguesa. Marcar 3 dias de férias para esse período? Check! Comprar bilhete para o jogo? Check! Estadia de duas noites num hostel? Check!
O encontro foi feito no aeroporto às 18h de 2ª feira. Seríamos cinco naquele voo e já lá na cidade condal juntar-nos-íamos ao resto do pessoal. Rapidamente percebi o quão sou amador nestas andanças: enquanto eu vinha de mala de rodas, todos eles traziam mochilas e até um saco de plástico! Claro, tão mais prático!
O voo até Barcelona correu sem peripécias até ao momento em que aterrou. Do nada, começa-se a ouvir ao longe o hino do Benfica a tocar! Seria algum adepto sentado no avião que se lembrou disso? Não, vem mesmo dos speakers do avião! Foi ideia do piloto! Mas a voz de Luís Piçarra é rapidamente abafada, pois a esmagadora maioria das pessoas presentes naquele avião tinham na sua alma a chama imensa e entoam a música a altos berros. Que chegada a Barcelona!
Sair do aeroporto, apanhar o bus para o centro da cidade, procurar o hostel, fazer o check in, pousar malas (aliás, mala, mochilas e saco de plástico) e arrancar para as Ramblas. Já passava da meia-noite, tudo fechado. Noite estragada? Claro que não, convívio feito numa das praças com vários Benfiquistas rodeados de vendedores ambulantes locais, a trocarem latas de San Miguel e Estrela Damn por 1 euro. O regresso ao hostel foi feito às 3h. Ou seriam 4h? Ou 5h? Quem sabe. Sei que chegamos divertidos aos beliches.
O dia do jogo não teve muito que saber. Acordar tarde e ir para o mercado "La Boqueria" comer tapas, beber cervejas e cantar, cantar muito, perante o espanto dos espanhóis, certamente todos adeptos do Barcelona. Todos? Todos não. Que o empregado de mesa veio ter connosco e disse "aqui estão em casa! Eu sou adepto do Real Madrid e os meus dois colegas lá dentro são do Espanyol". Retorqui-lhe "então todos queremos o mesmo, o Benfica a ganhar!". E a resposta dele virou o mote para aquela viagem: "Isto não é para ganhar...é para dar três!!". A vitória na Luz ainda presente na memória de todos...
Passagem por novo bar, o "L'Ovella Negra", onde encontramos novos dois adeptos do Espanyol e a eles oferecemos bilhetes para o jogo, já que dois dos nossos companheiros não tinham conseguido fazer a viagem à última da hora. Eles certamente quereriam que o Benfica ganhasse o jogo tanto como nós!
Viagem de metro até Camp Nou e aí começa o dilúvio. Chuva, chuva everywhere! Quando avistamos o relvado já o jogo começou. Olho para o imenso Camp Nou e recordo-me das mesmas sensações que tinha tido quando o visitei em 2009: "és gigantesco, mas estás a cair aos bocados. E a minha antiga Luz era ainda mais bonita e imponente que tu!" Mas agora era hora de concentrar no jogo, até porque o Benfica está-se a aguentar. Chega inclusive a marcar um golo, festejado imensamente até percebermos que tinha sido anulado. Mas anulado porquê? Impossível saber lá daquela incrível altura. O relvado está tão longe que parece que vemos o jogo num avião. O acrílico e as redes a separar o sector adversário das restantes bancadas também não ajudam nada à visibilidade. 
O grande momento do jogo já todos sabem. Ainda hoje me dói pensar no que teria sido se o Seferovic tem metido aquela bola dentro daquela rede. Que explosão teria sido! Quão épico teria sido! Aiiii Sefero...como foste falhar aquilo?
Bom, mais chuvada no regresso ao centro de Barcelona e aqui não houve ideias de festa. Toca a ir para o hostel dormir umas 3 ou 4 horas, porque havia comboio para apanhar às 6h45! Quando o despertador toca, percebo que terei que vestir umas calças e ténis ainda molhados. "Burro. Trazes uma mala, mas não te lembraste de trazer muda de roupa da cintura para baixo".
Duas horas depois estamos em Madrid. Passear pelo parque gigantesco da cidade, comer mais umas tapas, beber mais umas cervejas e arranque para o aeroporto e daí para Lisboa.
Estava feita a minha primeira ida ao estrangeiro com o Benfica. Que não será a última.
Agora que venha o Dínamo Kiev. E o Sporting. E o Porto para a taça. Que isto não é para ganhar. É para dar três!
(Mas Sefero...porra.)"

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