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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Cadomblé do Vata (microfones)

"A UEFA começou a organizar competições regulares em 1955, quando se disputou a primeira edição da Taça dos Clubes Campeões Europeus. 34 anos antes, já a FPF colocara em andamento o Campeonato de Portugal, que teve a edição inaugural em 1921. É portanto natural que a entidade presidida pelo contabilista do Apito Dourado tenha mais experiência na matéria do que o colosso futebolístico europeu. Não admira assim que em Nyon tenham muito a aprender com os matutos da Cidade do Futebol, professores jubilados dos Proenças Profissionais.
Podendo aqui dissertar longamente sobre as muitas área organizacionais que o organismo europeu se revela sub desenvolvido vou apenas destacar as conferência de antevisão aos jogos. A estas, por escabrosa disposição regulamentar, devem comparecer os treinadores de ambas as equipas, como é óbvio, mas também (pasmem-se) um jogador dos respectivos plantéis. Um dia antes das equipas subirem ao relvado para disputar partidas da mais importante competição inter-clubes do Mundo, a UEFA obriga os clubes a verem-se representados por um indivíduo cuja função única é pontapear um esférico, ou um adversário no caso do Pepe.
Para o português seguidor do fenómeno futebolístico, esta é uma situação que causa admiração e repulsa. Por força do hábito de anos a assistir a competições organizadas pela FPF e pela LPFP, que nos cacanhos regulamentários apenas dispensam tempo atrás do microfone antes dos jogos, ao treinador e aos dirigentes, estamos cientes do nível de constrangimento que advém aos clubes quando se dá voz aos jogadores. Estes já têm a sua dose de protagonismo, com no mínimo 90 minutos semanais debaixo dos holofotes e a cara plasmada em cadernetas de cromos anuais da Panini. Colocar-lhes a voz no altifalante antes dos jogos é monopolizar totalmente neles as atenções da modalidade.
Pedindo desculpa pela redundância, o futebol em Portugal é pensado como pertencendo a quem o pensa. Os atletas são apenas ferramentas mudas escolhidas pelos "pensadores" (ou pelos treinadores em caso de parca qualidade) a fim de entreterem uma massa adepta que se dirigiu ao estádio com claro e único intuito de assistir ao pavonear dos "notáveis" na tribuna presidencial. Tudo bem que os chutadores também têm opinião, mas essa deve ser apenas emitida no pós jogo, onde suados, a arfar de fatiga e a sonhar com um banho redentor, podem dizer rapidamente duas ou três frases feitas que não envergonhem a instituição que representam. Para isso já bastam os 10 minutos que os patetas uefeiros lhes concedem."

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