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quarta-feira, 6 de março de 2019

Mudanças à vista

"Se toda a gente conhecer bem as regras do jogo haverá mais pessoas habilitadas a opinar

Tal como acontece todos os anos, também a próxima época desportiva trará novidades no que diz respeito às leis do jogo. O International Board (IFAB) reuniu-se no passado dia 2 de Março e aprovou um conjunto de alterações que têm o objectivo do costume: tornar o futebol num espectáculo mais justo e bem mais atractivo para todos. De entre as várias mudanças propostas, o destaque maior vai para as infracções de mão na bola (aquela que é, como bem sabem, a maior dor de cabeça das equipas de arbitragem dentro do campo). A mais estruturante alteração nessa matéria passará a ser a punição de todo e qualquer braço/mão - ainda que não deliberada -, que resulte directamente em golo ou clara oportunidade de golo. Ou seja, sempre que uma bola entre/possa claramente entrar na baliza adversária, depois de tocar/bater na mão de um atacante (mesmo que de forma acidental ou fortuita), o lance/golo será anulado e esse contacto sancionado como infracção. Na prática, a mensagem  que o IFAB pretende passar é que não podem valer jogadas de golo/golos cujo último toque tenha sido feito com  a mão/braço de quem marca. Pode ser injusto e levantar até algumas interrogações sobre o que são actos deliberados/não deliberados, mas é garantidamente uma medida factual o objectiva, num lance tipicamente cinzento e subjectivo. Isso permitirá uniformizar critérios e decidir sempre da mesma forma.
Mas há mais mudanças que vale a pena aqui sublinhar e às quais o caro leitor pode começar a familiarizar-se desde já. Por exemplo, a partir da época de 2019/2020, todos os jogadores substituídos serão obrigados a abandonar o terreno de jogo pela linha mais próxima do local onde se encontrem, aquando do processo de substituição. A ideia é desincentivar perdas de tempo desnecessário por parte de quem sai e impedir que isso enerve/irrite o adversário em desvantagem no marcador. Medida sensata, que pode evitar a exibição de cartões por eventuais reacções de frustração de alguns jogadores.
Nos pontapés de pénalti, os guarda-redes deixarão de ter a obrigação de manter os dois pés sobre a sua linha de baliza aquando da execução da penalidade. A partir da próxima época, passará a ser obrigatório que tenham apenas um. Os penáltis são momentos de enorme tensão e é (quase) impossível exigir a um GR que mantenha essa posição firme, num contexto tão determinante como aquele. Já os elementos técnicos que estarão sentados nos bancos (treinadores, delegados, etc.) passarão a ser sancionados com cartões amarelos e/ou vermelhos, caso tenham comportamentos inadequados ou irresponsáveis. Isso tornará mais público e direccionado (logo transparente) eventual castigo imposto pelo árbitro durante a partida.
Noutro âmbito, haverá certos momentos (a especificar noutra altura) em que uma bola, ao bater/tocar no árbitro da partida, possa levar à interrupção do jogo e ao seu recomeço com lançamento de bola ao solo. O juiz de campo deixará, nessas circunstâncias, de ser o elemento neutral de jogo que sempre foi até aqui (a verdade é que foram várias as situações infelizes, que resultaram em golos ou em acções disciplinares, após toque involuntário da bola no árbitro, que inverteu o rumo de uma jogada).
Mas há mais: nos pontapés de baliza ou nos pontapés livre dentro das áreas (os favorecem a equipa defensora) deixará de ser necessário que a bola saia dessa zona: ela entrará em jogo mal se mova claramente, ainda que no interior da área.
A 133.ª Reunião Geral do IFAB também concluiu, sem surpresa, que a implementação de videotecnologia está a ser um sucesso e que, não obstante os passos serem ainda pequenos e paulatinos, trará - como tem trazido - mais verdade desportiva e mais benefícios ao jogo. Para assegurar que esse caminho continua a ser desenvolvido com qualidade, concluíram que é fundamental manter a formação e educação contínua dos árbitros.
Se toda a gente conhecer bem as regras do jogo que pratica e admira, haverá mais pessoas habilitadas a criticar, mais pessoas legitimadas e opinar. È win, win."

Duarte Gomes, in A Bola

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