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quarta-feira, 13 de junho de 2018

Fado e samba

"Um Campeonato do Mundo que não o era. Em 1972, Portugal participou no Torneio de Independência do Brasil, competição que pretendia celebrar os 150 anos do Grito do Ipiranga ,"Independência ou morte", lançado pelo príncipe D. Pedro nas margens daquele rio, em 1822. Também conhecida por Minicopa, a competição foi jogada em doze estádios e apresentou uma estrutura similar a um Mundial, com a diferença de ter… ainda mais equipas!
Nos primeiros sete jogos, a Selecção alcançou seis vitórias e um empate, chegando ao jogo derradeiro. Pelo caminho, estreou-se na Selecção Nacional o guarda-redes Félix Mourinho, o pai muito Special de um tal de José! Na final, disputada contra os anfitriões, os portugueses seriam derrotados nos últimos segundos, com um golo gritado pelo brasileiro D. Jairzinho.
A normalidade voltava a impor-se perante uma selecção que ganhara três de quatro Mundiais. Afinal, o Brasil não perdia um jogo há seis anos, ‘cortesia’ dos Magriços, alguns presentes na Minicopa como Eusébio, Jaime Graça, Peres e ainda José Augusto, no papel de seleccionador. Aquando da vitória lusitana sobre o Brasil em 1966, a imprensa nacional afirmaria que "desde o Grito do Ipiranga que não havia momento mais emocionante – e mais explosivo – na história das relações luso-brasileiras do que o grito de Liverpool". Agora a alusão política ressurgiria em registo inverso: "Vitória da antiga colónia contra a Metrópole".
No final, após receber o troféu, o capitão Gerson, em gesto de grande simbolismo, entregou-a a Eusébio, proferindo elogiosas palavras: "Portugal também merecia ficar com a Taça", não ficando surpreendido caso, em 1974, Portugal se impusesse "na liderança do futebol europeu". Enganou-se! No apuramento para o Mundial seguinte, Portugal apenas venceria os frágeis cipriotas.
Ficava para trás um torneio pontuado a fado e samba. E na linha das tão usuais vitórias morais afirmava-se: "Taça para lá, glória para cá!". Na Rússia talvez a selecção não se importe com um registo oposto – glória para lá, taça para cá! Por cá ninguém levará a mal!"

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