Últimas indefectivações

terça-feira, 19 de abril de 2016

Agora é a sorte...

"O Sporting ganhar o campeonato será normal pela aposta que a SAD fez. Surpresa será o contrário. Isto é, se Jesus não for capaz de dar vida ao sonho da família leonina.

As expectativas criadas para a presente época futebolística foram de tal maneira elevadas que, por esta altura, os adeptos sportinguistas esperariam andar já a festejar o título nacional, mas a verdade é que, a quatro jornadas do final do campeonato, essa questão central continua por decidir.
Como o que foi prometido tarda em descer à terra é preciso reforçar a imaginação e, semana após semana, ir descortinando explicações que mantenham viva a esperança, empreitada essa que, assinale-se, tem sido levada a cabo com sucesso, na medida em há sempre um espreitar de olho para ver se alguma coisa de errado acontece em casa do vizinho, se há decisão de arbitragem discutível, ou redacção de regulamento merecedora de reparo.
Qualquer coisa que o imaginário sugira para justificar os pontos que seria suposto apresentar e os resultados não alcançam. Tem sido essa a política de comunicação, do género nós contra todos, com forte investimento na pressão sobre agentes internos e externos do espectáculo futebolístico. Trata-se de uma estratégia pensada e assumida e que, creio eu, de vida curta, por não se vislumbrar projecto de suficiente solidez que lhe sirva de alicerce. Não é uma crítica; apenas uma observação, devido ao meu cepticismo em relação a efeitos de ilusionismo que tudo parecem transformar da noite para o dia.

O Sporting foi quem mais investiu no reforço da sua estrutura profissional de futebol, sobretudo no que se refere ao número de jogadores contratados, o que lhe permite mais alternativas e, como é moda dizer-se, um plano de gestão de esforço menos problemático, em comparação com os rivais Benfica e FC Porto. O mercado de inverno foi aproveitado para introduzir mais praticantes (Bruno César, Schelotto, Marvin, Barcos, Coates, além do regresso de Rúben Semedo). A defesa foi toda mudada e em cada posição uma falta é imediatamente preenchida sem sobressalto no desempenho do colectivo.
Observado o movimento do fiel da balança, é notório que o prato do Sporting, em afirmação, pesa mais do que o do Benfica, em renovação. Porquê? Simples: Rui Vitória forma uma equipa e dispõe de mais quatro a cinco elementos no máximo, sem ferir os padrões de competitividade, e Jorge Jesus pode formar duas equipas sem preocupação alguma.

Perante as realidades, o Sporting ganhar o campeonato será a consequência normal da aposta feita pela administração leonina (em meios financeiros e humanos) no sentido de concretizar essa legítima aspiração. Surpresa será o contrário. Isto é, se Jesus não for capaz de dar vida ao sonho da família leonina. A propósito, apesar de não me incluir na franja de apoiantes da retórica bruniana, geralmente excessiva e agreste, defendo que, caso não seja atingido o objectivo supremo, não é ao presidente a quem se deve pedir contas, mas sim a quem não conseguiu apresentar obra feita dentro do prazo. Sei que esta ideia diverge de outras já em circulação, mas é assim que penso.
Penso eu e... pensa Jesus, cuja última descoberta para justificar a sombra que Vitória lhe faz reside na sorte deste, socorrendo-se dos resultados recentes do Benfica no Bessa (1-0, golo de Jonas, minuto 90) e em Coimbra (2-1, golo de Jiménez, minuto 85). Poderá fazer sentido, ou talvez não...
Golos do Benfica marcados nos últimos dez minutos e que corresponderam a vitórias tangenciais (3): 3-2 ao Moreirense, 1-0 ao Boavista e 2-1 à Académica.
Golos do Sporting marcados nos últimos dez minutos e que corresponderam a vitórias tangenciais (6): 2-1 ao Tondela, 1-0 ao Nacional, 1-0 ao Arouca, 1-0 ao Belenenses, 3-2 ao SC Braga e 3-2 à Académica. Se o aprendiz está com sorte, ao génio saiu o euromilhões.

Nota - Que me lembre, foi a quarta vez em que o Benfica se deixou surpreender no primeiro lance de ataque dos adversários: SC Braga, Bayern, Académica e, ontem, Vitória de Setúbal. Então, os trabalhos de casa?..."

Fernando Guerra, in A Bola

1 comentário:

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