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quarta-feira, 1 de março de 2023

Alf, uma coisa de outro mundo


"A minha avó Emília tinha um caniche que viveu de 20 anos. Chamava-se Alf, por isso podem ter uma ideia de há quanto tempo isto foi, quando a série de televisão do extraterrestre era um sucesso. O Alf não durou mais tempo porque o veterinário aconselhou a eutanásia. Estava tão doente, que era já um caso de saúde pública. Foi o melhor para ele, mas também para nós.
O Alf nunca foi um cão fácil. Pequenito, cor de mel, dentes afiados, por qualquer coisa ladrava. Se alguém se sentava à mesa, ele reclamava. Se os meus avós queriam dormir juntos, ele atacava. Se tentássemos fazer festas quando ele estava ao colo de alguém, havia dentada. Tinha pinta de cãozinho a pilhas, mas alma de cão de fila, sempre pronto para correr atrás de quem entrasse lá em casa.
No início tinha piada, porque dizia-se que fazia parte da sua personalidade, era como um cão de guarda. Depressa se percebeu que aquilo não tinha graça nenhuma, mas a culpa não era dele e sim de quem o tinha ensinado a ser assim. Por omissão de educação ou por imposição de comportamentos agressivos.
O Alf faz-me lembrar alguns agentes desportivos ligados ao futebol português, sem desprimor para o caniche. Escondidos atrás de uma máscara de defesa do seu amo, insultam, ofendem, agridem, vociferam contra este mundo e o outro. Já nem sabem a razão da contestação, tudo serve para fazerem barulho, sempre com os mesmos argumentos bafientos, sempre com o sangue a raiar nos olhos, de palavrão fácil e cada vez mais alheados da realidade.
Houvesse expulsões administrativos na futebol português para quem ultrapassa todos os limites, e canitos pequeninos como o Alf não poderiam mais continuar a espalhar as suas doenças e ódio. É um caso de saúde pública."

Ricardo Santos, in O Benfica

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