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domingo, 5 de junho de 2022

Benfica – algumas reflexões para 2022/23


"Estamos oficialmente no defeso, depois de uma época literalmente falhada a nível interno, mas com um percurso invejável na Champions, competição em que, com indiscutível mérito e alguma sorte, atingimos os quartos de final, proporcionando algumas alegrias aos adeptos. Um defeso para já marcado pela estabilidade decorrente do sucesso do empréstimo obrigacionista que possibilitará, estou certo, uma tranquilidade financeira essencial para o planeamento da nova época.
Foi mesmo, a nível interno, uma época para servir de exemplo do que não queremos que se repita. No campeonato, um 3º lugar esperado há muito, sem que, na minha opinião, tudo tivesse sido feito para tentar mudar o que desde há meses era mais que previsível. Eliminações na Taça de Portugal e Taça da Liga que nunca podem ser aceites como normais porque do Benfica se exige sempre muito mais. Desde demasiado cedo se começou a pensar na próxima época, refletindo uma (nova) realidade a que os Sócios não se querem habituar: "P’ró ano é que é…!"
Como carpir mágoas é inútil e do passado só se devem tirar ilações para evitar a repetição de erros no futuro, porque as glórias ficam nos museus, falemos então do futuro e do que vamos lendo, sem acesso a qualquer informação privilegiada.
Verifico que parece existir uma preocupação de construir a nova época com base em alicerces mais sólidos quando se clarifica na SAD uma Comissão Executiva, cerceando acessos a informações privilegiadas. Verifico o repescar de Lourenço Coelho, há demasiado tempo na prateleira por razões incompreensíveis para quem está de fora. Constato a contratação de um treinador diferente (Roger Schmidt), com um percurso que credibiliza apostas em jovens com potencial, mas que não descura a fundamental experiência para enquadrar as promessas. Leio a promoção de Luis Castro a treinador da equipa B depois de um triunfo altamente meritório na Youth League.
Os caboucos estão lançados, falta "construir a casa". Vão-se conhecendo contratações, algumas indiciando opções diferentes de um passado que nos conduziu à atual situação, em que predominavam apostas que desportivamente eram incompreensíveis. Quem está de fora, como eu, percebe a lógica das aquisições confirmadas e nomes badalados, o que transmite uma sensação de que poderemos fazer diferente para melhor. Agora esperamos as saídas do plantel, umas pela valia indiscutível dos jogadores que os "tubarões" cobiçam, outras porque, realmente, os jogadores em questão não possuem categoria para jogar no Benfica, ao nível da exigência competitiva inerente à sua dimensão e responsabilidade histórica.
Vemos um Presidente (Rui Costa) a amadurecer como dirigente desportivo, assumindo paulatinamente um papel que até há escassos 12 meses não vislumbrava e para o qual obviamente nunca se preparou, sempre reduzido durante largos anos a figura quase decorativa, exceto no que respeitava à representação institucional do Benfica que, no fundo, era mesmo a única função/responsabilidade que detinha. As últimas eleições e, sobretudo os 84,48% atingidos, deram-lhe a necessária legitimidade, absolutamente fundamental para hoje ser assumida.
A sua lista, de consensos entre diversas alas de um vieirismo, não empolgou ninguém, mas a oposição (que existe e não é despicienda) também não se mostrou na altura e, sobretudo, à altura das responsabilidades. Ganhou fôlego para 4 anos, mas este período só será atingido com sucessos desportivos no futebol profissional. Bem pode o andebol ganhar a EHL European League ou o Voleibol ganhar o campeonato que se o futebol continuar nesta apagada tristeza as eleições a meio do mandato serão o cenário mais que provável.
É público e notório que não me revi no vieirismo, sobretudo desde que Jorge Mendes passou a ser "parceiro estratégico" (expressão atribuída a LFV) porque temia pelas consequências, por um privilegiar do negócio sobre a vertente desportiva. Por isso apoiei RGS nas penúltimas eleições e pertenci a uma ala do BBM que discordou da sua integração na lista de Rui Costa pela intrínseca valia desse Grupo de reflexão que justificaria ir a eleições para ser alternativa no futuro. Mas ser Benfica é desejar SEMPRE o sucesso do Clube, seja quem for que o dirija, apenas exigindo como contrapartida, que os seus Órgãos Sociais o credibilizem e tenham procedimentos de lisura publicamente reconhecidos.
Discordar construindo é apanágio da democracia benfiquista. A unicidade de pensamento torna-o um Clube/SAD amorfo e sem alma, sem discussão e à mercê de interesses pessoais. Infelizmente, muitos destes vieiristas que pululam nos camarotes a troco de uns croquetes e de uns abraços circunstanciais, confundem o salutar discordar com desejos de derrotas do Clube/SAD de quem critica, atribuindo objetivos medíocres, como o de derrubar os órgãos legitimamente eleitos. Estes "yes men", no fundo, destroem muito mais do que quaisquer críticas fundamentadas que sejam feitas e, ao contrário do que julgam, nem o respeito de quem apoiam incessantemente conseguem obter.
Concluindo, vamos então ao "Ano Novo, vida nova". Os primeiros sinais dão alento às mudanças que todos ansiamos. Vejamos os próximos sinais, fundamentais para um início de época que nos dê a ambição de inverter rumos, começando logo por passar as pré-eliminatórias da Champions, objetivo essencial, tanto do ponto de vista desportivo como financeiro."

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