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quinta-feira, 11 de junho de 2020

Quando marcar (também) não chega

"Seria impensável prever que Bruno Lage tivesse a ascensão meteórica que fez o Benfica terminar a época passada a festejar no Marquês. Dentro da mesma linha seria impossível adivinhar que depois de terminar a 1ª volta com somente três pontos perdidos, Bruno Lage tivesse que lidar com um descalabro pontual que, com 8 jogos por disputar, o fazem tremer num lugar que de interino passou a seu por direito próprio. Mas da chama vitoriosa que catapultou a equipa depois do fim de ciclo de Rui Vitória restam agora as cinzas. Cinzas essas bem semelhantes às que o seu antecessor espalhou no mesmo estádio em que, nesta noite, o campeão nacional se viu, como já vem sendo norma, empatado. 
E se, na passada semana, a finalização subiu ao trono da culpa, desta feita, e sem muito fazer por isso, as águias ‘apanharam-se’ a vencer sem, em abono da verdade, fazer muito por isso. Não houve o forcing que se esperava, como não houve o domínio e o controle que há muito se perderam sempre que os encarnados sobem ao relvado. Assim, são já imagem de marca os longos momentos em que a equipa de Lage vê o adversário jogar. O real problema é que contrastando com a sólida organização defensiva da passada época (e que garantiu que as más exibições não beliscassem o fabuloso registo pontual de Lage) nesta época, a estratégia de baixar (porque poucos duelos a águia ganha e porque a sua pressão é praticamente ineficaz) o risco de o ver jogar é bastante mais elevado que noutras luas mais favoráveis a jogar de águia ao peito. Um risco que, apostamos, só não foi maior na 1ª metade porque o Portimonense usou dos largos minutos que teve a bola para a pontapear, sem critério, para o meio-campo contrário. Ideia essa que impossibilitou que os algarvios pudessem sequer esboçar reação a dois golos sofridos por displicência na meia-esquerda defensiva.
Algo que mudou na etapa complementar quando Paulo Sérgio ordenou uma construção mais ligada e que permitiu finalizar jogadas. Ainda que não redundando em golo, a mudança de ideário permitiu aos alvinegros passar mais tempo na metade ofensiva, algo que não só criou os pontapés-de-canto que originaram os dois golos, como deixaram o Benfica a quilómetros de encontrar o terceiro golo. Algo que, obviamente, mudou depois do empate, com os encarnados, finalmente, a fazerem algo parecido com o que se esperava no final da partida. E aqui Lage terá de fazer ver aos seus que os resultados não mais virão de encontro ao Benfica, sendo que a atitude passiva e tranquila de esperar que a superioridade colectiva e individual se faça sentir, terá de dar lugar à procura constante de ter o jogo preso por total controlo, por total protagonismo, por total desejo de ser campeão. Porque uma coisa é querer, ou pensar que se tem de ser por direito próprio, outra coisa será sê-lo passando uma época inteira com uma qualidade de jogo (ofensiva e defensiva) a roçar o sofrível. 
Portimonense-Benfica, 2-2 (Pizzi 18′ e André Almeida 31′; Dener 66′ e J. Tavares 76′)"

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