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terça-feira, 30 de julho de 2019

Uma muralha chamada Bento

"No final da Taça de Portugal 1982/83, o guardião 'encarnado' foi a estrela da partida

Na antevisão de um grande jogo, as principais previsões prendem-se com quem serão os autores dos golos, e por quanto se irá ganhar. Este é um dos muitos casos que evidencia a diferença de tratamento entre os jogadores de campo e o guarda-redes, tantas vezes esquecido. É o futebolista que acompanha a partida de longe, sozinho, 'também chamado de portero, guarda-metas, arqueiro, guardião ou goalkeeper, mas poderia muito bem ser chamado de mártir, vítima, saco de pancadas, eterno penitente ou favorito das bofetadas. Dizem que onde ele pisa, nunca mais cresce a relva. (...) Carrega nas costas o número um. Primeiro a receber? Primeiro a pagar. O guarda-redes tem sempre a culpa. E, se não tem paga do mesmo jeito'.
Contudo, há jogadores que ocupam essa posição e ainda assim se tornam, verdadeiras lendas. Manuel Bento faz parte dessa lista restrita. Tinha qualidades exímias, que faziam com que fosse um dos melhores na sua posição. Com excelentes reflexos, enorme coragem e uma elasticidade soberba, transmitia segurança não só aos companheiros de equipa como aos adeptos benfiquistas. Na final da Taça de Portugal 1082/83, demonstrou todas essas qualidades, assinalando uma exibição memorável.
Num jogo envolto em polémica, em que o outro finalista, o FC Porto, insistiu que o encontro se realizasse no seu estádio, levando a que a partida fosse disputada apenas em Agosto, o Benfica, a jogar em casa do rival, não ficou condicionado pelo ambiente. Aos 20 minutos, Carlos Manuel inaugurou o marcador com um potente remate. O resultado permaneceria assim até final do encontro. A vantagem foi dada pelo médio, mas a vitória foi garantida por Bento: 'saltou a muralha da entrega, da renúncia, do conformismo. O seu exemplo, defendendo tudo o que era tratável mais o que poderia ser fatal, impulsionou os colegas'. A imprensa foi unânime a classificar o guarda-redes 'não só a figura mais saliente do Benfica, como a maior figura do jogo. O seu nome ficará indelevelmente ligado a mais esta «Taça» conquistada pelo grande clube da Luz (...) Agilidade felina. Garras de tigre. Impressionante a sua confiança a sair dos postes e a dominar os lances'. Ainda mais admirável era manter intactas estas características aos 34 anos. Bento jogaria mais nove épocas de 'águia ao peito'.
Saiba mais sobre este fenomenal guarda-redes na área 23 - Inesquecíveis do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

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