Últimas indefectivações

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A 'utilidade' do tempo inútil

"No futebol, o tempo inútil de jogo faz parte da táctica. Por cá, trata-se de uma prática consagrada pelas equipas consideradas mais fracas, mas, em bom rigor, todas as equipas grandes ou pequenas o fazem quando lhe convém.
Com uma frequência crescente na razão inversa do tempo de jogo que resta, os jogos tendem a ser uma espécie de campo de guerra, com jogadores a tombar por razões que só as pernas ou joelhos deles conhecem, com guarda-redes fazendo da baliza uma espécie de alcova (ou marquesa) para lá vai mais uma massagem e um spray reabilitante.
As substituições, essas então, são um lento passeio para quem sai, não raro aliado a um engano electrónico de indicação do jogador a sair e a uma conversa amistosa com o 4.º árbitro.
A arbitragem pactua com tudo isto. Os cartões só são mostrados quase no fim, o que, assim, só beneficia o infractor e o intrujão. O caso mais ridículo é o dos guarda-redes, que demoram uma eternidade a repor a bola em jogo desde o 1.º minuto, mas que só levam o amarelo ao minuto 90!
Sinceramente, não percebo a razão por que o futebol não envereda pelo tempo útil (30 minutos em cada parte) e logo se acabava este circo de contorcionismo e malabarismo em forma de palhaçada. Além disso, com o actual sistema, tudo fica nas mãos do árbitro, ou seja,é introduzido um facot subjectivo naquilo que deveria ser o aspecto mais objectivo do jogo: o tempo. Antes do videoárbitro, bom seria que se decidisse pelo tempo útil. Ganhava a verdade desportiva e ganhava o espectáculo. As cãibras e seus ersatzes e derivados evaporavam-se como que por milagre..."

Bagão Félix, in A Bola

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