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quarta-feira, 20 de maio de 2015

A semiótica no nosso futebol

"A semiótica é a ciência que estuda os signos. Cem anos que viva, cem anos me recordarei das palavras do professor Henrique Levy, numa das primeiras aulas do segundo ano de universidade. Lembro-me de estranharmos (quase todos) o conceito e de como ao longo da vida o mesmo se foi tornando cada vez mais claro, sobretudo pela observação.
Se os semiologistas se dedicarem a estudar as imagens fortes do último fim de semana desportivo em Portugal, não lhes faltará matéria.
Comecemos pelo mais chocante, o caso do polícia que agrediu um pai de família que assistia o filho de 9 anos. As fotografias que o JN nos trouxe de um outro agente a abraçar a criança devolvem a esperança: afinal, ser chefe não deu mais autoridade ao oficial que se descontrolou emocionalmente. Melhor: os seus subordinados ficaram chocados, como todos nós.
No FC Porto: Lopetegui ajoelhou-se, repetindo o gesto de Jesus há dois anos (aos pés de Vítor Pereira) e assim assumiu a derrota. Mais: enquanto destruía o banco de suplentes no Restelo, os elementos da estrutura mostravam estado de espírito muito diferente, dando a entender que o espanhol não é propriamente o homem mais acompanhado do planeta azul.
No Benfica: a serenidade de Jorge Jesus e de Luis Filipe Vieira na celebração do título é contrastante com a euforia das outras conquistas na era Jesus. E na ciência (mesmo que seja a semiótica) como na vida, julgamentos precipitados são sempre perigosos.
Jesus não estava eufórico porque o seu ciclo na Luz chegou ao fim, terá ocorrido a muitos. Sobretudo quando assistiam à subida do treinador ao palanque, no Marquês de Pombal. Ia sereno ou desinteressado? Afinal, ia só devagar, para fazer o caminho ao lado do presidente, por quem esperou. Afinal, o segredo do sucesso..."

Nuno Perestrelo, in A Bola

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