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segunda-feira, 27 de julho de 2020

O Benfica e a tentação do bife do lombo

"O que está em causa nas próximas eleições do Sport Lisboa e Benfica é saber se os sócios querem colocar em causa o bife do lombo que foi construído, certamente com muitos acertos e alguns erros. 

Vivemos um tempo especial, amarfanhado, combalido, limitado pelas regras para combater a covid-19 e com demasiadas incertezas no horizonte das pessoas, das instituições e das nações. É um tempo sem grande espaços para as emoções, as paixões e os convívios nos termos em que os vivíamos no pré-pandemia, em que a racionalidade, a precaução e o sentido da estabilidade deve estar presente, mas não.
Recrudesce no Benfica, depois de uma época mal conseguida, que ainda assim coloca o SLB com 5 títulos conquistados nos últimos 7 anos, a amnésica tentação do bife do lombo. É como se a vaca tivesse sido criada, abatida e em vias de ir para o prato em modo de bife do lombo para potencial deleite de quem se alheou do processo produtivo ou nunca sustentou internamente o chorrilho de críticas que agora enuncia para procurar esboçar caminhos diferentes. Entre o nada e o tudo mal, há a realidade, o caminho que foi construído e um patamar de sustentabilidade que o Benfica nunca teve na era moderna e que se deve a Luís Filipe Vieira e aos que com ele mantiveram o compromisso de trabalho de não colocar os egos à frente da instituição.
A vida das instituições como a de muitos de nós, é feita mais de ossos do que de bifes do lombo, mas há uns predestinados que acham que podem deixar que os outros façam todo o trabalho de resgate do degredo em que estava o clube pós-Vale e Azevedo, o percurso de valorização dos ativos patrimoniais do clube, do Seixal ao Museu Cosme Damião e o reforço do posicionamento desportivo, social e financeiro, para depois proclamarem o fim de um ciclo, como se não houvesse memória e o passado pudesse ser descartado para a construção do futuro.
O que está em causa nas próximas eleições do Sport Lisboa e Benfica é saber se os sócios querem colocar em causa o bife do lombo que foi construído, certamente com muitos acertos e alguns erros, que em nada beliscam a solidez da realidade alcançada. O Benfica está mais sólido, sustentável e com condições para enfrentar os desafios e as incertezas do que nunca. Não se ouve uma palavrinha para o Seixal, o Museu Cosme Damião, o Estádio ou a BTV no acervo patrimonial do clube, nem um esboço de agrado para o reforço das modalidades, a Fundação Benfica ou o desporto no feminino. O que importa é invocar os adversários, as situações em processo de aclaração judicial e o que correu menos bem para proclamar a dealbar de um novo ciclo. Novo, nas críticas bota-abaixo a quem constrói o Benfica, amplificadas por media sedentos de novelas para vender jornais e ter audiências? Novo, nas piadas, nos comentários televisivos e nas crónicas que, à conta do clube, se constituem em arma de arremesso dos adversários do Benfica? Novo, na gestão, na inovação ou no escrutínio, quando o clube conquista prémios, tem provas de confiança dos mercados e esteve sujeito à maior devassa de conteúdos privados de que há memória, entretanto truncados e utilizados por concorrentes diretos, enquanto se assiste ao branqueamento do cibercrime.
Novo ciclo, só se for com o pior dos tiques do velho ciclo de Vale e Azevedo. É que o actual ciclo de Luís Filipe Vieira não contou com algumas das elites emergentes alérgicas a pôr a mão na massa para o trabalho de reposicionamento sólido do Benfica, que olham de soslaio para as origens e a personalidade de Luís Filipe Vieira. Contou com efectivas distorções das instituições do futebol português e do sistema judicial que sob a capa do mediatismo de investigações perpetuaram um funcionamento dual, em que os de sempre a norte beneficiam, não são investigados e tudo podem com efectiva causa-efeito, para colocar os holofotes a sul. E as elites incomodam-se, mas não combatem. Gerem silêncios, enquanto gravitam à volta do clube e do trabalho em curso.
Portugal, a Europa e o mundo estão a atravessar uma pandemia singular, com enormes consequências e muitas incertezas.
O caminho percorrido e os resultados alcançados permitem ao Benfica ter capacidade de reacção e de construção de soluções. Tivessem os caminhos sido outros e não estaríamos tão habilitados para superar esta fase, corrigir os erros e voltar à senda vitoriosa dos últimos anos. Sim, habitámo-nos a ganhar, mas o perder está na equação de qualquer competição aberta. Sim, estamos mais fortes, menos dependentes da banca e dos credores, porque foram feitos negócios, houve confiança dos investidores e os sócios mantêm um compromisso com o clube, em Portugal e no mundo. É aliás inacreditável que, á falta de melhor, uma das linhas dos ataques a Vieira seja o dos negócios com a venda de jogadores, das operações financeiras desenvolvidas e de outros actos de gestão, como se na advocacia, na fast-food ou na gestão de uma rádio não existisse uma dimensão negocial em que os objectivos nem sempre são alcançados. Segundo as luminárias haveria um Benfica dos Negócios e um Benfica da Paixão, do amor à camisola, da mística e da alma benfiquista, como se não tivessem existido ao longo dos últimos anos as duas dimensões e se a realidade nacional permitisse uma sem a outra, com obtenção de resultados desportivos.
Mais do que a tentação, parece haver alguns com ânsias de bife do lombo. Aparentam não olhar a meios, ter os media a enfunar as velas e querer proclamar alternativas assentes em fazer o contrário do que foi feito ou afirmar uma alegada superioridade moral elitista. Duas derivas que conduziriam à delapidação do que foi conquistado sob liderança de Luís Filipe Vieira e de um triste regresso à época das vitórias morais perante o gáudio dos adversários, dos que sobrevivem das novelas no Benfica e dos que se conformam com a força, a alma e a amplitude do Sport Lisboa e Benfica.
Num clube com tanta história, é poucochinho que as alternativas se apresentem entre o bota-abaixo ou amnésia em relação aos últimos anos, focando quase tudo na realidade deste ano. Nos últimos 7 anos são 5 títulos de campeão nacional, o FC Porto teve 2. A tentação do bife do lombo tem saudades de outros passados. Nós, não.

Notas Finais
Vazia -  O quadro pandémico traz-nos a Fórmula 1 de regresso a Portugal. É bom para o ego e com alguns retornos interessantes. Foi sensato não repetir a encenação do anúncio da fase final da Liga dos Campeões.
(...)"

6 comentários:

  1. O bife do lombo, para esta gente, é a lembrança do vale e azevedo, um dos fantasmas, a meias com Guttman e JJ. Não sei quem é este cavalheiro nem o que faz da vida, mas convém lembrar que o presidente do Benfica fará sempre menos do que lhe é exigido e será, acima de tudo, uma honra liderar o clube e o clube não tem nada para lhe agradecer. vieira e outros não vieram inventar nada e só fazem aquilo a que estão obrigados, que é trazer valor acrescentado ao Sport Lisboa e Benfica.

    Esta ideia de que vieira é um deus que caiu do céu ao Benfica e que o Benfica acaba quando vieira sair e que depois só aparecerão vales e azevedos, é uma coisa nojenta e, principalmente, muito tacanha... Enfim, ao bom estilo do mestre pinto da costa...

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    1. O serviçal do viriato despejou a fossa. Essa coluna mais parece as curvas do Marão ao estilo do seu mestre de sarjeta.

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  2. Este palerma jotagay, que garantidamente é dragarto, passa a sua triste vidinha a mandar postas de pescada em tudo que é blog Benfiquista. E o mais curioso, é esta abecula, não ser vedado de comentar. Embora a importância do coice, dependa sempre da importância do burro. E este burro, não tem importância nenhuma, só chateia.

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    1. Não sou advogado de defesa do JotaPê e não me revejo na maior parte das suas posições, mas este cavalheiro que redigiu este texto em 2020 vem falar do Vale e Azevedo? Haja um mínimo de vergonha na cara, invocar um fulano que desde que foi presidente já houve 6 mandatos e já se passaram 20 anos, parece-me argumentação para pessoas com algum atraso, e qualquer benfiquista que julgue que não tem algum atraso tem que se sentir ofendido com um texto tão básico.

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  3. E sim uma boa parte do bife do lombo está feito.

    Onde andavam os abutres quando o Benfica nem dinheiro tinha para o gasóleo do autocarro? Nem um apareceu, claro está.

    Agora tudo está mal, mas todos querem ir ao suculento bife, havendo um candidato que praticamente não muda nada - só o presidente. Fica até com o DSO e treinador.

    Tenham vergonha na cara cambada de sonsos.

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  4. O texto do escriba utiliza a mesma táctica dos dirigentes angolanos que para justificarem actos e a falta deles atiram o mal para os malandros dos colonizadores portugueses!
    Quase 50 anos depois!
    Dei comigo a pensar porque não se ouve Vilarinho e porque pessoas ligadas ao seu mandato e aos primeiros de Vieira aparecem agora em lista concorrente.
    Deve ser por acharem que Vieira está a trabalhar bem!
    E não serão abutres porque estiveram lá quando não havia dinheiro para o gasóleo do autocarro!
    E ainda faltam as pedras da calçada!

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