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quinta-feira, 27 de julho de 2017

A bolha

"Quando cada vez mais investidores compram títulos de dívida pública a juros negativos de um estado soberano com rating negativo como, por exemplo, Portugal (preferem pagar para terem o dinheiro seguro) ninguém pode ficar surpreendido com os valores que, de ano para ano, são alocados à compra de passes de futebolistas. Quando se pensa que foram batidos todos os recordes, eis que surge mais uma contratação que nos deixa de queixo caído. Ou talvez já não.
Por muito boas intenções que tenha o presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, em querer um tecto salarial ou mesmo limitar valores de transferências, está e estará de mãos e pés atados. Primeiro, porque a UEFA é cada vez mais refém dos interesses da ECA (Associação de Clubes Europeus, sigla em inglês) que, a mando de alemães, espanhóis, italianos e franceses conseguiram impor as suas regras para fazer da Liga dos Campeões uma prova cada vez mais vocacionada para os clubes ricos; segundo, porque muitos desses clubes tornaram-se propriedade de pessoas ou entidades que representam fundos que, entre outros investimentos, compram dívida soberanas. Compram países, portanto. Falamos da tal pequena percentagem que manda no mundo. Um mundo agora mais globalizado. O futebol é, pois, apenas mais um veículo para movimentar dinheiro e os ricos conseguirão sempre contornar o fair play financeiro. basta aumentar as receitas num falso contrato de publicidade para equilibrar as contas e não apresentar prejuízo.
Não vale a pena aos presidentes de clubes portugueses vangloriarem-se com grandes vendas que tenham feito. Este é um tempo de vacas gordas. Como disse José Mourinho, paga-se cada vez mais quantias elevadas por jogadores banais. Entre os €14 milhões que custou Ronaldo ao Man. United e os €180 milhões que poderão ser pagos por Mbappé ter-se-ão passado 14 anos. E não, o mundo não está 13 vezes mais rico. A bolha é que é cada vez maior."

Fernando Urbano, in A Bola

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