Últimas indefectivações

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Dos campeonatos

"Em disputa estava a Taça das caraíbas - e por estranho capricho decerto se colocou no regulamento:
- Jogo ganho no prolongamento através do golo de ouro deve ser qualificado como vitória por 2-0, independentemente do resultado com que ele fechar...
Barbados tinha de vencer Granada por pelo menos dois golos, de outro modo finalista seria Granada. Estava a ganhar por 2-0 - e, aos 87 minutos, Granada reduziu para 2-1. Presumindo que, em três minutos, mais fácil do que ir em busca do 3-1 seria procurar o golo de ouro no prolongamento  - um jogador de Barbados fez, o golo na própria baliza que pôs o placard em 2-2. Claro, logo se percebeu também - que ainda havia outra hipótese. Que se Granada fizesse autogolo - perdendo por 3-2, não lhe escaparia a final de pronto. O que aconteceu, pois? Dois emocionantes minutos em que os 11 jogadores de Barbados se puseram dentro da baliza de Granada a evitarem, em afã, que um granadino pusesse, sorrateiro ou não, a bola na sua própria baliza. Conseguiram-no - e, no prolongamento, também conseguiram o golo de ouro que levou Barbados à final - e, na final, à conquista da Taça.
O caso virou exemplo de como a «esperteza criativa» (sem que o carácter importe...) pode dar a volta à realidade - no futebol ou na vida. Ao ouvir Bruno de Carvalho afirmar que o Sporting não foi 18 vezes campeão nacional, foi 22 (esses quatro seriam os Campeonatos de Portugal de 1922/23, 33/34, 35/36 e 37/38) alguém me diz que é mais uma forma muito dele de «esperteza criativa» - e eu acho que não, que é um absurdo. Ou, então pior: o topete de quem não sabe (ou não quer saber...) que o Campeonato de Portugal (que nunca se fez em poule, sempre se fez a eliminar...) passou em 1938/39 a Taça de Portugal - ano em que o Campeonato da I Liga, mudando-se-lhe a denominação, passou a Campeonato Nacional da I Divisão (andando, depois, por outras denominadas, sem nunca deixar de ser o que é: o campeonato, o único que dá campeões...).

António Simões, in A Bola

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