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sexta-feira, 8 de julho de 2016

A viola e o ouro que era de prata

"1. Se o fado é reconhecido como a voz da nossa identidade colectiva, já a viola e a guitarra são os acordes de tal expressão. Curiosamente, um adágio popular algo temperamental manda que, em certas circunstâncias, se meta a viola no saco. Porquê a viola? E em que saco? Bem, nada disso releva agora. Basta saber o que todos os portugueses sabem. E eles sabem quando e a quem deve ser aplicada tal expressão. Ora, depois de a selecção nacional de futebol ter conseguido reservar um lugar na final agendada para o próximo domingo em Paris, é precisamente isso - meter a viola no saco - o que devem fazer, com a maior das humildades, todos aqueles, nos quais me incluo, que avaliaram com sentido cepticismo o anúncio de tal propósito feito, em devido tempo, por Fernando Santos. Suceda o que suceder na final do próximo domingo, uma coisa é agora certa: só no dia 11 a nossa gente voltará a casa. Confesso que nunca acreditei que tal fosse possível. Assim, guardo a minha viola no saco. Mas continuarei a gritar, como sempre, PORTUGAL, PORTUGAL.
2. Por capricho das insondáveis razões que regem os calendários de todos os mundos, na mesma noite em que a selecção de futebol conquistou o acesso à final, Ana Dulce Félix voltou a brilhar noutro campeonato europeu - o de atletismo. E o atletismo é, peço desculpa por voltar a dizê-lo, o rei de todos os desportos. Sim, futebol incluído. A coincidência dos dois eventos fez com que a façanha da atleta benfiquista tivesse sido parcialmente eclipsada. Mas nem por isso o seu mérito pode ser reduzido. Depois de há quatro anos ter vencido os 10000m, desta feita obteve a medalha de prata. O ouro foi para uma queniana capciosamente naturalizada turca..."

Paulo Teixeira Pinto, in A Bola

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