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terça-feira, 10 de junho de 2014

Derrubando defesas de ferro!


"Depois de bater o Cagliari, o Benfica venceu o Génova e a Atalanta nessa digressão a Itália em Agosto de 1971. Dez golos marcados na terra do «catenaccio»!!!


A semana passada fomos até à Sardenha, a Cagliari, ver o Benfica golear a grande Cagliari que foi campeão de Itália e que contava com vedetas do calibre de Albertosi, Domenghini e Gigi Riva.
Agora vamos acompanhar os encarnados no resto dessa sua digressão a Itália, país que visitaram ao longo da sua história por nada menos de 34 vezes.
São assim os grandes clubes - desafiados a toda a hora para digressões pelos quatro cantos desta Terra tão redonda. Os calendários nacionais e internacionais cada vez mais preenchidos (e agora vêm aí mais quatro jornadas para o nosso paupérrimo campeonato nacional!!!!!) foram reduzindo as enormes viagens de antanho - e o Benfica, a par do Santos (de Pelé) terá sido o maior trota-mundos de todos os tempos. Muito provavelmente, já que neste caso a contabilidade não é fácil. Certo é que em Turim, frente ao Sevilha, a águia cumpriu o seu 710.º jogo fora de Portugal. É obra! E grande obra!
Pois vamos de novo até Itália. E a Agosto de 1971.
4-1 ao Cagliari! Segue-se uma deslocação a Génova, dois dias depois: 23 de Agosto. Curiosamente, ao mesmo tempo, uma equipa secundária do Benfica disputava particulares nos Estados Unidos da América. É de estalo!
Genoa Cricket and Football Club: bem à inglesa. Fundado por ingleses, claro está! De tal ordem que nos primórdios nem os italianos eram aceites como adeptos. Se o Cagliari estava num dos momentos mais ilustres da sua vida, o Génova vegetava. Ora, seria de supor que a vitória do Benfica se tornaria fácil. Puro engano! Seja porque os genoveses puxaram do brio, seja porque os encarnados não conseguiram impôr o festival ofensivo que tinham aplicado na Sardenha.
Eusébio e Simões estiveram ao seu nível: altíssimo! Depois de uma primeira parte sensaborona, aos 50 minutos Eusébio tira um passe perfeito, medido: Artur Jorge, como nele era comum, remata de primeira e bate Lonardi. Mas o Génova reage e empata treze minutos depois, em contra-ataque, por Coradi.
O Benfica lança-se ao ataque, mas é preciso esperar até sete minutos do final para através de uma arrancada fortíssima de Nené cujo pontapé embate na defesa contrária fazendo a bola sobrar para a recarga de Eusébio: fulminante.
Dois jogos; duas vitórias. No dia seguinte, o Benfica viajava para Bérgamo.

Em Bérgamo, mais quatro golos
Bérgamo: pequena cidade da Lombardia, muito vizinha de Milão. Terra da Atalanta Bergamasca Calcio, lá «Regina dos Clubes dei Provinvialli», isto é, Rainha dos Clubes de Província, talvez o mais destacado de todos em Itália que não são originais das grandes metrópoles.
Três jogos; três vitórias: foi este o resultado da viagem do Benfica a Itália nesse Agosto de 1971. Dez golos marcados na terra do «catenaccio».
No Estádio Comunale de Bérgamo, logo no primeiro minuto, Nené infiltrou-se pela direita, trocou para Artur Jorge que, com uma simulação, deixou para Vítor Baptista marcar. Um lance clássico desse Benfica.
Três minutos mais tarde, Pirola bate José Henrique com um pontapé indefensável.
O público anima-se. O jogo promete.
Ao passar da meia-hora, a Atalanta aproveita o balanceamento ofensivo encarnado: Magistrelli faz o 2-1. Convencem-se os de Bérgamo que lhes caberá serem os vencedores da «squadra» portuguesa. Ah! Se eles soubessem...
Um minuto, tão somente um minuto depois, troca de esférico a velocidade estratosférica entre Eusébio, Artur Jorge e Vítor Baptista: é este último que assina novo empate.
Um minuto, tão somente um minuto depois desse minuto, Eusébio recebe um passe de Simões e faz o 3-2.
A segunda parte seria um passeio tranquilo, com direito até à entrada de Zeca e de Nhabola. Mas não haveria de se fechar o primeira sem mais um golo benfiquista: uma cabeçada violenta de Artur Jorge a corresponder ao centro de Malta da Silva. Quatro-a-dois.
O Benfica regressa a casa vencedor dos italianos. Sem rebuço. O futebol de ataque de Simões, Eusébio, Nené, Jaime Graça, Artur Jorge e Vítor Baptista destroçara as defesas de ferro de Cagliari, Génova e Atalanta."

Afonso de Melo, in O Benfica

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