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quinta-feira, 3 de abril de 2014

O Rio Ave é que é do nosso campeonato

"É um velho número do reportório de Pinto da Costa namorar o treinador do Benfica em todos os finais de época.

FEZ bem o Benfica em concentrar as suas energias no jogo de Braga para o campeonato porque, ao contrário do que se viu ao FC Porto no Funchal, não foi um Benfica de todo cansado aquele que venceu domingo no Minho depois do tal compromisso a meio da semana a contar para a Taça de Portugal.
Prioridades são prioridades e cada qual tem as suas.
Também não foi um Benfica exuberante o que se viu em Braga. Mas, entre nós, ninguém lhe leva a mal porque de exuberância está o inferno cheio e o que se pretendia era, precisamente, os 3 pontos que estavam em causa no jogo com o Sporting de Braga. Missão cumprida.
Nesta recta final do campeonato sempre que se regista uma missão cumprida, como a última, a de Braga, sabemos que a missão final vai ficando menos comprida, o que é bom sinal.
O Benfica marcou o golo solitário da sua vitória categórica aos 13 minutos. Foi bom para acabar com superstições embora se possa questionar como é que uma vitória por 1-0 pode alguma vez ser categórica. Quem viu o jogo sabe, no entanto, que foi mesmo assim embora esta arte de gerir resultados tangenciais esteja a dar cabo do coração de muita gente.
O Benfica marcou o seu golo solitário quando estava a jogar só com 10 jogadores visto que Gaitán estava estendido na relva agarrado a uma perna. Também foi bom para dar moral e para acabar com as mariquices. Com 10 ou com 11, o importante é marcar golos. Na segunda-feira o Benfica recebe o Rio Ave. E amanhã joga na Holanda.
Mas o Rio Ave é que é do nosso campeonato.

O FC Porto pagou no domingo na Choupana o preço de se ter esmifrado todo na quarta-feira para bater por 1-0 o Benfica no jogo da Taça de Portugal, resultado que o coloca em vantagem na discussão do lugar na grande festa do Jamor.
Ricardo Quaresma, a quem chamam de Mustang, é que continua sem pagar nada a ninguém, considerando que uma multa de 17€ é inferior a qualquer multa de estacionamento.
Quaresma, no primeiro domingo de Março, deu alto espectáculo no fim da primeira parte do jogo de Guimarães mas não houve câmaras nem relatórios do árbitro nem relatórios dos delegados que produzissem prova do seu comportamento semi-tresloucado.
E passou impune. Isto é que é a tal magia?
No último domingo de Março agora na Choupana, voltou a dar enorme espectáculo mas, para variar, no final da segunda parte. Garante a imprensa que também desta feira não há câmaras, nem relatório do árbitro, nem relatório dos delegados que possam apontar a Ricardo Quaresma a menor censura ou sequer a descrição dos factos sumariamente apreciados pelo público no estádio e pelos telespectadores em casa.
Quaresma é impune? Será magia?
A bem da pacificação do futebol português, exija-se também a impunidade do árbitro e dos delegados do jogo entre o FC Porto e o Nacional.
Para que não se volte a repetir o que aconteceu em Setembro, quando o árbitro e os delgados do jogo Vitória de Guimarães - Benfica por não terem apontado nos seus bloquinhos de notas o comportamento semi-tresloucado de Jorge Jesus no fim do jogo se viram castigados e suspensos «no âmbito do artigo 196.º do Regulamento Disciplinar que diz respeito à falta de informações a que se encontram obrigados».
E mesmo assim, sem relatórios, o treinador do Benfica foi castigado com uma suspensão de 30 dias e uma multa de 5.355 euros.
Isto sim, isto é que é magia.

PINTO DA COSTA esperou por Jorge Jesus à saída do balneário destinado ao Benfica no Dragão, abraçou-o e depois acompanhou o treinador adversário até ao local da conferência de imprensa, no auditório José Maria Pedroto.
Isto aconteceu, tal como foi relatado pela comunicação social, no fim do tal jogo a contar para a primeira-mão das meias-finais da Taça de Portugal.
O episódio suscitou reacções. Outra coisa não seria de esperar. É um velho número do reportório de Pinto da Costa namorar o treinador do Benfica em todos os finais de época. Chega a Primavera e, pronto, dá-lhe para isto.
A verdade é que, na cabeça de Pinto da Costa, Jorge Jesus é treinador do FC Porto há quatro anos. E honra seja feita ao presidente do FC Porto que, ao contrário de muitos outros, sabe defender os seus treinadores reais ou virtuais com unhas e dentes até ao fim da linha.
- Se a sua mulher lhe disser todos os dias que o ama, você não gosta? - foi a resposta sentida que obteve de Paulo Fonseca, ainda não há coisa de muitas semanas, quando o presidente reiterou os seus votos de confiança incondicional no treinador-real que foi buscar à Capital do Móvel na impossibilidade de ter o treinador-virtual que tem na cabeça mas que não tem no Dragão.
Lembram-se?
No entanto, estão muito enganados os que concluíram apressadamente que a atitude do presidente do FC Porto visa o exterior. Ou seja, criar problemas a Jesus na sua relação com a SAD do Benfica e com os adeptos do Benfica.
É que, francamente, já não pega.
A atitude de Pinto da Costa visou, isso sim, o interior do FC Porto, da sua SAD e até o interior, até ao âmago, dos seus adeptos.
Que Pinto da Costa tem paixão por Jorge Jesus, enfim, é do domínio público. E aceita-se.
Que houve demissões e que haverá fracturas na SAD portista também é do domínio público. E também se aceita. Talvez fracturas seja um termo exagerado. Digamos antes que há entorses na SAD do FC Porto, isto para ninguém se aborrecer.
Vamos ao que importa.
O presidente do FC Porto, ao abraçar o treinador do Benfica, não fez mais do que, à laia de um grito de revolta, mandar uma recado para o interior do FC Porto. Ou melhor, vários recados.
A saber:
- Eu não quero o Marco Silva, eu queria era este!
- Eu já disse não sei quantas vezes que não quero o Leonardo Jardim, eu queira era este!
- Eu não quero o Luís Castro, eu queria era este!
- Eu não queria o Paulo Fonseca, eu queria era este!
Tudo isto é muito respeitável e ao contrário do que possa parecer nada tem em si de falso ou de manipulador ou de melífluo. É apenas a vida.
E a vida é um palco, já dizia o Shakespeare, autor de peças teatrais dos séculos XVI e XVII. Quando ao reportório, o de Pinto da Costa, está de facto muito, muito estafado.

BERNARDO SILVA, jovem jogador do Benfica, formado nas escolas do clube, deslocou-se no domingo em Braga na condição de adepto, com cachecol e tudo, para apoiar a equipa no difícil confronto da Pedreira. Saiu de lá com uma grande alegria, naturalmente, mas o que Bernardo Silva talvez não sabia é que deu, também ele, uma grande alegria aos muitos benfiquistas que o viram a caminho do estádio e depois na bancada. 'Este é dos nossos!' Ah, pois é.
Nuno Gomes, antigo jogador do Benfica, está de regresso à Luz para exercer funções na área internacional do clube. Foi assim que a notícia foi dada anteontem pela generalidade da imprensa. E este também é dos nossos.
Bernardo Silva e Nuno Gomes, cada um à sua maneira e de acordo com os respectivos estatutos, foram duas boas notícias da semana. O que se quer no Benfica é mais e mais Benfica.

HOJE à noite, o Benfica o seu encontro da primeira-mão dos quartos-final da Liga Europa. O adversário é o AZ Alkmaar. Já que chegámos até aqui, pensam muitos benfiquistas, e tendo em conta que o AZ não é propriamente um gigante do futebol europeu, era de bom-tom fazer o nosso trabalho bem feito, eliminá-los e seguir para as meias-finais da competição.
Eu, pelo menos, é assim que penso sobre este desafio europeu. Trata-se, essencialmente, de uma questão de bom-tom, de pinta, enfim, de bom aspecto.
O Benfica foi o finalista injustamente vencido da última edição da prova, tem pergaminhos internacionais bem superiores aos do AZ e não lhe cairia bem ser afastado pelos valorosos, ainda que não sonantes, holandeses de Dick Advocaat.
Embora possa acontecer porque tudo pode acontecer. É futebol, lembrem-se.
Confio, portanto, num Benfica de bom-tom nesta eliminatória da Liga Europa. Apenas isso.
Importante, verdadeiramente importante, será vencer o Rio Ave na próxima segunda-feira no Estádio da Luz.
O Rio Ave que joga bom futebol e que na última jornada do campeonato foi arrancar uma vitória com que poucos contavam ao campo do Estoril que no ano passado veio arrancar um empate com que poucos contavam no nosso campo.
O Rio Ave é que é do nosso campeonato.
O resto são cantigas."

Leonor Pinhão, in A Bola

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