Últimas indefectivações

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

D’ Eusébio

"E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
(Luís Vaz de Camões; Os Lusíadas; Canto I – Estrofe 2)

O meu pai não gostava muito, mesmo nada de futebol. A primeira (segunda e terceira) vez que vi o Benfica a jogar num estádio foi a acompanhar o meu pai nas bancadas. Talvez fosse ao contrário por eu ser menor de idade. E foram as únicas em que vi Eusébio jogar num estádio. Estreei-me, em 1971, aos 10 anos na final da Taça em Portugal. Eusébio marcou o nosso golo mas não chegou. Qual Sporting e Futebol. Para o meu pai só contava Eusébio.
A segunda foi de Gala. Nem dormi. Ia ver o “Glorioso” na “Catedral” na meia-final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, frente ao poderoso Ajax holandês, campeão europeu na época anterior, recheado de vedetas. Em 1972, com 11 anos, o zero-a-zero afastou o “Manto Sagrado” da final. Qual Suurbier, Krol, Neeskens, Keizer, Cruyff e Futebol. Para o meu pai só contava Eusébio.
Terceira presença (e última com o meu pai) nas bancadas, segunda na Luz, em 1973, eu com 12, o meu pai com 34 anos, num encontro de Gigantes, na “Festa de Homenagem” a Eusébio com o Benfica frente a uma selecção do “Resto do Mundo” da FIFA cheiinha de estrelas. Empate a dois golos. Qual Banks, Iribar, Jackie Charlton, Blankenburg, Netzer, Bobby Charlton, Paulo César, Best, Keita, Kaiser, Seeler, Dirceu, Gento e Futebol. Para o meu pai só contava Eusébio.
Eusébio tinha esse poder. Era adorado, reverenciado e honrado pelos miúdos como eu que na rua, enquanto “se futebolava”, gritávamos ser (querer ser) Eusébio. Era admirado, respeitado e honrado por quem nem se interessava pelo Futebol. Como o meu pai."

Alberto Miguéns, in O Benfica

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