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segunda-feira, 20 de março de 2023

Favores em cadeia na máquina encarnada


"Frente a um Vitória que tem na organização defensiva a sua maior força, o Benfica só precisou de fazer o primeiro para concatenar uma exibição de luxo na 1.ª parte, em que marcou três golos. O 5-1 final deixa os encarnados descansados na liderança, antes da paragem para as seleções

Farejando intensamente o cheiro de um lugar europeu, o Vitória foi uma das únicas equipas a roubar pontos ao Benfica na primeira volta do campeonato, deixando tudo a zeros no Afonso Henriques. Não marcar não é algo a que o Benfica de Roger Schmidt esteja habituado, aconteceu apenas duas vezes esta época - nenhuma delas foi, por exemplo, na Liga dos Campeões -, e o alemão, disse-o na conferência de antevisão, temia um jogo de poucas oportunidades para a sua equipa.
E não se pode dizer, de facto, que o Benfica tenha este sábado carregado a metralhadora das chances flagrantes. Mesmo assim, ganhou 5-1, o que atesta bem o momento dos encarnados e as soluções que Schmidt arregimenta, num jogo em que não pôde contar com Fredrik Aursnes. Sabendo da competência do Vitória a defender, Schmidt não deixou na antevisão de oferecer também uma mensagem de confiança nos seus jogadores, naquela sua fleumática verve germânica, lembrando que, mesmo contra formações bem apetrechadas atrás, a sua equipa tem sabido encontrar os caminhos para a baliza, com imaginação e eficiência.
Foi como quem estivesse a ler o jogo antes mesmo de ele acontecer. Talvez não esperasse Schmidt era que a defesa do Vitória demorasse tão pouco tempo a deixar o ferrolho desguarnecido. Depois de alguns minutos de dificuldades, a variabilidade do ataque encarnado encontrou a via necessária para o sorriso: aos 13’, o Benfica tentou pela esquerda, Neres cruzou e um toque tão subtil quanto essencial de cabeça de Rafa deixou a linha defensiva do Vitória desequilibrada. Aproveitando os posicionamentos baralhados, Gonçalo Ramos rematou à vontade de cabeça para o primeiro.
O segundo, de penálti, por João Mário, nasce de uma jogada que se fez de revés. Seria então Gonçalo Ramos a baixar para servir de apoio à correria de Rafa, carregado na área por André Amaro. Favor retribuído. E aos 36’, minutos depois de Otamendi enviar uma bola ao poste, João Mário bisou, num lance coletivo do Benfica feito de favores em cadeia, de ligações orgânicas, uma jogada que começa e acaba no médio que esta época se fez goleador e que pelo meio andou por calcanhares e primeiros toques, com se o Benfica fosse afinal uma máquina oleada de indústria de precisão, que de bónus lança um perfume de futebol luxuriante, com razões para o ser, ao contrário do preço de um T1 em Lisboa, por exemplo.
O 3-0 ao intervalo, mais do que de futebol bulldozer, era feito de uma facilidade imensa em fazer mexer as peças ofensivas, de uma eficácia para não botar defeito, de uma equipa em estado de graça.
Na 2.ª parte, vendo o trabalho já quase feito, os encarnados baixaram o ritmo, o jogo tornou-se mais monótono e sem história, com o Vitória a tentar, honra lhe seja feita, aproveitar algum relaxamento para mitigar a ferida aberta que era aquele resultado. Teve ainda o azar de ver Dani Silva marcar na própria baliza aos 69’, após mais uma jogada rápida de ataque do Benfica que começou com um desarme de Florentino e continuou com uma cavalgada de Rafa. Aos 79’, deixaria finalmente marca no placard, um golo de André Silva a finalizar uma incursão eficaz pela esquerda e um passe atrasado de Safira. O Benfica confirmaria a goleada com António Silva a estrear-se a marcar pela na Luz para o campeonato, aos 89’.
Com a paragem internacional à porta, deu ainda para Schmidt oferecer mais minutos a João Neves e fazer estrear Cher Ndour, recostando-se na confortável poltrona de líder, pelo menos com oito pontos de vantagem e à espera do que o SC Braga - FC Porto de domingo der. Este Benfica respira saúde e talvez seja bom prepararem-se por Itália."

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