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quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Uma nova agenda para o desporto em Portugal: uma prioridade

"A acção catalisadora para uma nova agenda do desporto deve partir das próprias federações que num esforço de reflexão conjunta possa dar resposta enérgica a questões fundamentais: (1) O que podemos fazer melhor no interior de cada uma das federações e em conjunto, coordenando esforços e aprendendo em rede? (3) que mudanças se devem operar nos organismos de tutela para que o nosso desporto mude as suas referências, a sua ambição e a sua actuação? (4) como podem as entidades privadas cooperar com o desporto, usufruindo, também, desse esforço, para potenciar os seus próprios objectos sociais e empresariais? (5) como podemos incrementar a exposição mediática do Desporto português dando visibilidade a todas as modalidades desportivas de uma forma sistemática. 
São várias as temáticas, cuja relevância deve imperar nesta reflexão conjunta. Entre outras, questões que importam ao desporto e ao papel que o movimento associativo pode ter neste processo, nomeadamente:
1. A afirmação da relevância do desporto na esfera social, educativa, de saúde e económica para além da função utilitária (aumentar a qualidade de vida); financiamento público e privado do desporto em Portugal e das organizações desportivas; mecanismos de descriminação positiva em termos de fiscalidade; repercussão social do desporto e serviço público de Rádio e Televisão; combate à dopagem e a qualquer meio de manipulação artificial do rendimento e resultado desportivo.
2. A representatividade, reorganização das organizações desportivas e a credibilidade do movimento associativo. Assiste-se a uma dispersão de organismos reguladores da actividade desportiva e quase total falta de coordenação entre os poderes centrais, delegados (federações) e autárquicos, com efeitos devastadores na capacidade de se convergir num processo de pensamento estratégico de desenvolvimento desportivo. Há que reflectir sobre: o modelo de organização desportiva nacional e o papel das organizações desportivas neste modelo; papel dos clubes e contributo no âmbito do acesso à prática e no rendimento desportivo; o modelo de partilha de recursos entre as OD’s dotadas de UPD; revisão do estatuto do dirigente associativo, ou voluntário.
3. Autonomia das organizações desportivas. O Desporto é um dos beneficiários, a par da acção social, da saúde e da cultura, dos rendimentos obtidos pela exploração do jogo social. Durante a última crise financeira o desporto viu cortada a sua dotação orçamental, apesar do aumento das receitas do jogo social e até hoje os valores deste corte financeiro não foram repostos. Por outro lado, a boa governança dos organismos desportivos é um tema central da nossa vida associativa e transversal a todas as áreas da actividade humana. Importante equacionar a implementação de modelos de financiamento e mecanismos de controlo de resultados plurianuais devidamente avaliados com a tutela, assim como modelos de certificação de boa gestão-governança das organizações desportivas. 
4. O sistema desportivo e a ligação ao sistema educativo e laboral. Apesar do índice de participação desportiva ter subido nos últimos anos, ainda não possuímos um número mínimo/suficiente de praticantes para a obtenção de grandes resultados, de uma forma consistente e tendente à construção de uma indústria potenciadora de visibilidade e apoios relevantes. Necessária a requalificação da prática desportiva juvenil e programas de massificação/democratização de prática desportiva: pela valorização progressiva da Educação Física e do Desporto Escolar no sistema educativo; pela aproximação entre o Desporto Escolar e Federado; pela implementação do ensino articulado do desporto (a exemplo do que acontece com o ensino da música e da dança); pela expansão das experiências piloto das UAARES ao território nacional e extensão, com particular acuidade, no ensino superior; pela estabilidade profissional/emprego na pós-carreira.
5. Alto rendimento desportivo. Quando olhamos para os resultados finais dos três últimos Jogos Olímpicos, verificamos que há, em média, 86 países que ganham medalhas e 119 que não ganham. Portugal tem que decidir se quer fazer parte do primeiro ou do segundo grupo. As medalhas planeiam-se à distância de dois ou três ciclos olímpicos e, cada vez mais, exigem uma estratégia a diversos níveis: filosofia de AR, coordenada entre estado, COP e federações desportivas; avaliação da preparação e acompanhamento dos atletas de alto rendimento desportivo e do projecto preparação olímpico e paralímpico; utilização de infraestruturas desportivas públicas por parte dos atletas de alto rendimento desportivo sem custos; deslocalização de atletas de alto rendimento desportivo para sistemas de preparação desportiva com resultados comprovados à escola olímpica ou importação de modelos de preparação desportiva comprovados.
6. Formação de Recursos Humanos. Qualquer política que seja formulada para o desenvolvimento do desporto português deve encarar a formação de quadros como um factor incontornável não só de treinadores assim como outros agentes desportivos. Mudanças são imperiosas diferentes níveis: orgânico/estrutural/Apoio IPDJ (plataforma dedicada ao PNFT, PRODesporto e plataforma logística de ensino a distância); estrutura e graus (modelo para os técnicos do Desporto Adaptado; carreiras verticais em cada nível de formação; formação pré-qualificada de treinador); Formação propriamente dita (Referenciais de formação, tipologia das unidades de formação e carga horária aplicada às componentes de formação geral e específica, Manuais de formação; Estágios/formação contínua (estágios devidamente estruturados, especialmente para o caso do RVCC); Fiscalização (competências de fiscalização no âmbito do TPTD; reconhecimento formação académica; reconhecimento e certificação da formação efectuada por empresas privadas com fins lucrativos). 
Estes são alguns dos muitos temas que competem ao desporto uma análise profunda."

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