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sexta-feira, 16 de maio de 2014

Contra a maldição


"E afinal o Benfica perdeu, outra vez, ou seja, pela oitava vez, mais uma final europeia. E isto sem ter sofrido qualquer derrota durante toda a competição. É mesmo caso para dizer: yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay. Já aqui escrevi sobre esta célebre sentença espanhola, erradamente atribuída ao Dom Quixote de Miguel Cervantes. Se calhar é mesmo muito posterior. Poderá ser de Béla Guttmann? Não creio que o magiar seja o autor do citado aforismo mas não falta quem lhe atribua a veste de bruxo. Tudo por causa de uma alegada maldição. E qual é ela? Quase toda a gente se lhe refere mas sem noção da sua real história. Em meia dúzia de palavras pode contar-se assim: local - Amesterdão; data 2 de Maio de 1962; factos:
1) o Benfica venceu o Real Madrid por 5-3 na final da então chamada Taça dos Clubes Campeões Europeus;
2) Guttmann tinha exigido que no seu contrato com o clube constasse um expressivo prémio no caso de se consagrar campeão europeu;
3) porventura não acreditando muito nessa hipótese, o clube anuiu:
4) na altura de pagar, a coisa não foi fácil, o que levou o húngaro a sair desgostoso e a soltar uma imprecação. Qual? Não há bem a certeza porque, segundo uns, terá dito que o Benfica não voltaria a vencer uma final europeia. Mas também há quem garanta que ele falou apenas sobre o título europeu (o que deixaria de fora a Liga Europa). Outros ainda juram que ele pôs um prazo na maldição - cem anos.
De modos que ou o clube leva a sério a maldição, ou não. O jornal inglês The Guardian, por exemplo, escreveu que «o Benfica não é senhor do seu destino». Eu creio que é. Mas se não fosse talvez valesse a pena o Benfica prometer que atribuirá a Guttmann um prémio em tudo igual ao do treinador que voltar a vencer uma final europeia."

Paulo Teixeira Pinto, in A Bola

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