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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O batatal

"«Jogo no batatal!», «Empate na horta»: eis dois títulos de pensar agronómico, após o jogo da selecção na Bósnia. De tal modo impressivos que, menos avisados, uns terão julgado que o jogo havia sido na cidade da Horta e outros, conhecedoras do vasto território brasileiro, logo cuidaram de saber como é que Portugal foi jogar junto ao Rio Batatal no Estado de S.Paulo.

Deixando a horta e concentrando-me no batatal, aproveito esta coluna (que hoje bem poderia chamar-se Batata-de-saída) para reabilitar o dito tubérculo. Não haverá outras expressões para se dizer que um relvado está desmazelado? Será preciso apelar ao milenar alimento humano? Ou terá sido pelo terreno ser mais solto? Ou mais permeável? Ou por ter leiras bem doseadas?

Uma discriminação injusta. Então porque não as beterrabas, couve-galega, pepinos, cebolas, hortaliças ou até abóboras? Ou ainda, em versão mais vernácula, um descuidado tomatal?

Zenica aconteceu por teimosia do senhor Platini que nos quis passar a batata quente.

Mas, felizmente, tudo acabou em beleza para Portugal. Enfiando seis batatas no estômago do adversário e oferecendo uma saborosa batata-doce aos portugueses. Para a UEFA - sempre tão zelosa em preservar a lógica da batata - não nos venham agora pedir batatinhas...

Dá vontade até de parafrasear uma famosa frase de um romance novecentista do notável escritor brasileiro Machado de Assis: «ao vencedor, as batatas»! Ao que acrescentaria: aos vencidos, ide plantar batatas! À UEFA, umas batatas a murro!

Enfim, a batata ilibada! Seja a vermelha, a branca, a riscada. Ou a rambana (corruptela do nome da batata irlandesa Arran-Banner), que elejo como a espécie escolhida para a meia dúzia desta memorável terça-feira."


Bagão Félix, in A Bola

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